Tuesday, June 19, 2018

O vil perdão



Eu perdoo você

e suas pequenas mentiras,
suas grandes mentiras
e até aquelas
que ainda não contou.


Perdoo
as promessas de campanha,
as promissórias afetivas
seus ‘eujuros’ e 'euteamos'

jamais ditos

Perdoo a nudez fingida,

os seios oferecidos

as felizes geometrias

os trejeitos de Marilyn

e os gozos de festim.


Perdoo as nuvens vazias de chuvas
seus minuanos, tsunamis
perdoo os raros dias de sol
e a ausência de verões
  

Perdoo os seus boleros
e rumbas, suas dores
indolores
e o aço frio dos  punhais.


Perdoo as bandarilhas
ardidas, urdidas
enfiadas
em minhas costas
e esta sangria imposta
tantos uis
tantos ais.


Eu perdoo você como
quem perdoa Judas,


mas perdoo, principalmente,

os seus pra sempre
e o jamais.





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