Dorme, meu amor, que o mundo já viu morrer mais
este dia e eu estou aqui, de guarda aos pesadelos.
Fecha os olhos agora e sossega o pior já passou
há muito tempo; e o vento amaciou; e a minha mão
desvia os passos do medo. Dorme, meu amor -
a morte está deitada sob o lençol da terra onde nasceste
e pode levantar-se como um pássaro assim que
adormeceres. Mas nada temas: as suas asas de sombra
não hão-de derrubar-me eu já morri muitas vezes
e é ainda da vida que tenho mais medo. Fecha os olhos
agora e sossega a porta está trancada; e os fantasmas
da casa que o jardim devorou andam perdidos
nas brumas que lancei ao caminho. Por isso, dorme,
meu amor, larga a tristeza à porta do meu corpo e
nada temas: eu já ouvi o silêncio, já vi a escuridão, já
olhei a morte debruçada nos espelhos e estou aqui,
de guarda aos pesadelos a noite é um poema
que conheço de cor e vou cantar-to até adormeceres.
Poema de Maria do Rosário Pedreira
Foto: A Fonte da Paz, de Greg Wyatt (Igreja St John The Divine, Nova York)
Canção: Quedate, Kevis Ochoa e Decemer Bueno
5 comments:
Bello el poema... bien lo sé, bien lo supe: http://indigohorizonte.blogspot.com.es/2010/12/duerme.html
Abrazo de mar, Roberto, y el cariño y afecto de esta mulher de la Mancha, que nació en Santiago.
Poema para ninar infantes.
Que versos, que ritmo, algoritmo...
Para inebriar a alma.
Salute, BOB!
Lindo Poema. Canção idem. Deu vontade de quedate (ficar) e ouví-la muitas vezes... Obrigada querido Roberto.
Com carinho,
Sílvia
Excecional este poema de Maria do Rosário Pedreira!
"e é ainda da vida que tenho mais medo"
Temo poemas assim, cronista...
abração...
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