Ela dança quase parada
olhando a névoa que devora a pedra
e baila a bordo da casa que flutua
como um barco cigano
olhando a névoa que devora a pedra
e baila a bordo da casa que flutua
como um barco cigano
Dança com os olhos molhados
a cada aceno de despedida
a cada fantasma do passado
e a cada nova ferida
Dança a noite mal dormida
nas retinas fatigadas
na alma estilhaçada
na carne toda doída
Dança o sorriso de plástico
a flor murchando no peito
dança em nome do pai
do filho e do espírito santo
Dança de mal com Deus
dança de bem com o homem
dança com os pecados seus
mesmo os que não cometeu
Dança com um par invisível
rodopia com a dor indizível
dança com os dois pés amarrados
e seus sapatos de cinderela
A moça dança sozinha
e no rodar de sua saia
rodopiam dores
maremotos, furacões
e no rodar de sua saia
rodopiam dores
maremotos, furacões
Dança um tango sem alma
dança para encontrar a calma
dança para esquecer
a solidão que escolheu como par
A moça dança, dança, dança...
ela não consegue parar de dançar
a moça dança, dança, dança...
ela não para de rodopiar.
A moça dança, dança, dança...
(30 de Agosto de 2016)
6 comments:
que coisa bonita ler você também na poesia! vou querer o livro! abraço
Lázara Papandrea
Belo poema, Roberto. Saúdo a volta do poeta, em forma de poema, pois ele está sempre presente em suas crônicas. Siga em frente, dê mel e vinho à sua criatividade! O mundo precisa de poetas e de pessoas como você. Abraço fraterno do amigo e admirador Wilson Pereira
Lázara,
fiquei honrado com a sua leitura. Sua presença neste minifúndio de afeições é motivo de celebração.
Tim-tim!
Abração do
R.
Wilson Pereira,
mestre na arte de dar beleza aos verbos, suas palavras servem de combustível para este menino de minas.
Bispo e eu estaremos indo a Goiania em outubro para uma apresentação de nosso livro na cidade e queria demais que você fosse. Ficaríamos felizes demais se pudessemos abraçá-lo lá.
Tem jeito?
Saudades imensas do amigo.
Abração ro
R.
Que poema! Os versos traçam volteios na tela, num ritmo quase hipnótico. A repetição de certos termos dá ao poema, algo de moto-contínuo, de eterno retorno.
Muito feliz em conhecer você, também, em poesia.
Valeu!
Ricardo Mainieri
Manieri, moço que tece seus versos com as linhas do minuano, sua presença por aqui é motivo de cafezinho com pão de queijo.
Venha sempre.
Abraço de amigo do
R.
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