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Onde eu nasci passa um rio
Que passa no igual sem fim
Igual, sem fim, minha terra
Passava dentro de mim
(Ilana Volcov, cantando)
Onde eu nasci passa um rio. Trata-se do Rio Doce, que nasce na serra da Mantiqueira e deságua no Atlântico, em Linhares, no Espírito Santo.
Este rio que ainda corre em minhas veias, foi meu companheiro desde sempre. Nasci às suas margens, numa casinha modesta, em Pedra Corrida, interior do interior de Minas Gerais.
Mas eu fiquei pouquíssimo tempo no lugar em que nasci. Alguns meses após o nascimento, eu acompanharia o seu curso, correnteza abaixo, mudando-me com a família para Governador Valadares.
No bairro São Raimundo ,aprendi a nadar em suas águas, pescava lambaris e piaus, conversava com as pedras. Foi assim a minha infância e adolescência.
O tempo passou, tornei-me adulto e eu sonhava quase todas as noites com meu corpo submerso, uma sensação afobada de afogamento, barrancos, vegetação ribeirinha, o céu engolindo as águas, peixes de escama e couro.
Era um pesadelo que tinha placidez e pressa, fazendo-me acordar suado, amedrontado, sem entender o porque de o mesmo sonho se repetir com tanta frequência.
Há cerca de dez anos, no entanto, minha mãe contou-me uma história que mudaria as minhas noites.
Estávamos jantando em Belo Horizonte e ela falou-me da gravidez que me traria ao mundo.
Contou-me da chegada a Pedra Corrida de minha avó, parteira de excelente reputação, em um tempo que eram raros os hospitais e que praticamente todas as crianças nasciam em casa, naquele interiorzão do Brasil.
Ana Emília chegara um mês antes da data com o intuito de acompanhar a gestante. E, naquele domingo, a família foi para uma prainha que se formava sempre que o rio definhava.
Farofa, frango, refrigerante,cerveja, amigos… Um luxo!
As pessoas chamavam os amigose iam caminhando rio adentro, as águas pela cintura, ancorando nestas pequenas ilhotas arenosas que se materializavam, e ali passavam o dia inteiro.
Uns pescavam com anzol,crianças nadavam e jogavam futebol, mulheres tricoteavam a vida alheia.
E minha mãe foi com meu pai eum grupo de amigos, passar aquele dia de folga no início de dezembro.
Tudo ia muito bem até que ela começou a sentir as contrações.
Temendo que a criança nascesse ali, no meio do rio, dona Rute tentou voltar para casa, na margem esquerda,apavorada e com muitas dores. Mas aquela apressada travessia não passaria de um susto.
Eu nasceria dois dias depois,no meio de uma madrugada, iluminado pela luz de uma lamparina, o cordão umbilical enrolado no pescoço.
Minha avó sempre contava que foi um parto complicado, um dos mais difíceis que fez.
E, desde que minha mãe contou esta história da corrida até a margem, nunca mais voltei a sonhar com o afobamento daquelas águas. Foi como se eu entendesse, finalmente, aquele mistério tão íntimo.
E tinha que ser ela a contar para eu desvendar, de uma vez por todas, o mistério.
Quando completei 40 anos de idade pedi a meu pai que fosse comigo, pela primeira vez, a Pedra Corrida. Eu jamais havia voltado lá.
Saímos de BH bem de manhãzinha e chegamos ao destino por volta da hora do almoço, uma viagem de 300 quilômetros pela rodovia 381.
Descemos a rua principal do vilarejo, um lugar precário e esquecido pelo progresso, e fomos para a rua à margem do rio, onde eu nascera em 1962.
Seu Antônio parou o carro eficou um pouco em dúvida, pois as casinhas eram muito parecidas umas com as outras. Até que se decidiu por uma delas.
- “Foi aqui que você nasceu, meu filho”, disse ele.
Emocionei-me, chorei, tirei fotografias na frente daquele casebre e me encantei com um pé de mini-rosas,que pendia para fora do muro.
Naquele momento, apareceu um homem, que nos observava à distância.
Ele chegou, cumprimentou me upai, disse tê-lo reconhecido e que ele não “dimudô” muito, do início dos anos 60 até então.
Em seguida, disse-nos que aquela não era a casa em que morávamos. Informou que ela já não existia, pois foi levada por uma enchente em 1979, apontando para um terreno baldio, um pouco mais à frente.
Fui até lá e vi, entre os escombros, o que ainda havia de vida naquele pedaço de terra.
Procurei vestígios meus no meio da rala vegetação que brotava onde um dia existiu uma casa, e nada encontrei.
No lugar em que nasci pastava agora, absolutamente incólume, um simpático burrinho.
E eu, que sou de tantos lugares, continuei sendo de lugar nenhum.
A Música Que Toca Sem Parar:
de Caetano Veloso e na voz de Ilana Volcov, "Onde Eu Nasci Passa Um Rio".
Onde eu nasci passa um rio
Que passa no igual sem fim
Igual, sem fim, minha terra
Passava dentro de mim
Passava como se o tempo
Nada pudesse mudar
Passava como se o rio
Não desaguasse no mar
O rio deságua no mar
Já tanta coisa aprendi
Mas o que é mais meu cantar
É isso que eu canto aqui
Hoje eu sei que o mundo é grande
E o mar de ondas se faz
Mas nasceu junto com o rio
O canto que eu canto mais
O rio só chega no mar
Depois de andar pelo chão
O rio da minha terra
Deságua em meu coração
Onde eu nasci passa um rio
Que passa no igual sem fim
Igual, sem fim, minha terra
Passava dentro de mim
(Ilana Volcov, cantando)
Onde eu nasci passa um rio. Trata-se do Rio Doce, que nasce na serra da Mantiqueira e deságua no Atlântico, em Linhares, no Espírito Santo.
Este rio que ainda corre em minhas veias, foi meu companheiro desde sempre. Nasci às suas margens, numa casinha modesta, em Pedra Corrida, interior do interior de Minas Gerais.
Mas eu fiquei pouquíssimo tempo no lugar em que nasci. Alguns meses após o nascimento, eu acompanharia o seu curso, correnteza abaixo, mudando-me com a família para Governador Valadares.
No bairro São Raimundo ,aprendi a nadar em suas águas, pescava lambaris e piaus, conversava com as pedras. Foi assim a minha infância e adolescência.
O tempo passou, tornei-me adulto e eu sonhava quase todas as noites com meu corpo submerso, uma sensação afobada de afogamento, barrancos, vegetação ribeirinha, o céu engolindo as águas, peixes de escama e couro.
Era um pesadelo que tinha placidez e pressa, fazendo-me acordar suado, amedrontado, sem entender o porque de o mesmo sonho se repetir com tanta frequência.
Há cerca de dez anos, no entanto, minha mãe contou-me uma história que mudaria as minhas noites.
Estávamos jantando em Belo Horizonte e ela falou-me da gravidez que me traria ao mundo.
Contou-me da chegada a Pedra Corrida de minha avó, parteira de excelente reputação, em um tempo que eram raros os hospitais e que praticamente todas as crianças nasciam em casa, naquele interiorzão do Brasil.
Ana Emília chegara um mês antes da data com o intuito de acompanhar a gestante. E, naquele domingo, a família foi para uma prainha que se formava sempre que o rio definhava.
Farofa, frango, refrigerante,cerveja, amigos… Um luxo!
As pessoas chamavam os amigose iam caminhando rio adentro, as águas pela cintura, ancorando nestas pequenas ilhotas arenosas que se materializavam, e ali passavam o dia inteiro.
Uns pescavam com anzol,crianças nadavam e jogavam futebol, mulheres tricoteavam a vida alheia.
E minha mãe foi com meu pai eum grupo de amigos, passar aquele dia de folga no início de dezembro.
Tudo ia muito bem até que ela começou a sentir as contrações.
Temendo que a criança nascesse ali, no meio do rio, dona Rute tentou voltar para casa, na margem esquerda,apavorada e com muitas dores. Mas aquela apressada travessia não passaria de um susto.
Eu nasceria dois dias depois,no meio de uma madrugada, iluminado pela luz de uma lamparina, o cordão umbilical enrolado no pescoço.
Minha avó sempre contava que foi um parto complicado, um dos mais difíceis que fez.
E, desde que minha mãe contou esta história da corrida até a margem, nunca mais voltei a sonhar com o afobamento daquelas águas. Foi como se eu entendesse, finalmente, aquele mistério tão íntimo.
E tinha que ser ela a contar para eu desvendar, de uma vez por todas, o mistério.
Quando completei 40 anos de idade pedi a meu pai que fosse comigo, pela primeira vez, a Pedra Corrida. Eu jamais havia voltado lá.
Saímos de BH bem de manhãzinha e chegamos ao destino por volta da hora do almoço, uma viagem de 300 quilômetros pela rodovia 381.
Descemos a rua principal do vilarejo, um lugar precário e esquecido pelo progresso, e fomos para a rua à margem do rio, onde eu nascera em 1962.
Seu Antônio parou o carro eficou um pouco em dúvida, pois as casinhas eram muito parecidas umas com as outras. Até que se decidiu por uma delas.
- “Foi aqui que você nasceu, meu filho”, disse ele.
Emocionei-me, chorei, tirei fotografias na frente daquele casebre e me encantei com um pé de mini-rosas,que pendia para fora do muro.
Naquele momento, apareceu um homem, que nos observava à distância.
Ele chegou, cumprimentou me upai, disse tê-lo reconhecido e que ele não “dimudô” muito, do início dos anos 60 até então.
Em seguida, disse-nos que aquela não era a casa em que morávamos. Informou que ela já não existia, pois foi levada por uma enchente em 1979, apontando para um terreno baldio, um pouco mais à frente.
Fui até lá e vi, entre os escombros, o que ainda havia de vida naquele pedaço de terra.
Procurei vestígios meus no meio da rala vegetação que brotava onde um dia existiu uma casa, e nada encontrei.
No lugar em que nasci pastava agora, absolutamente incólume, um simpático burrinho.
E eu, que sou de tantos lugares, continuei sendo de lugar nenhum.
A Música Que Toca Sem Parar:
de Caetano Veloso e na voz de Ilana Volcov, "Onde Eu Nasci Passa Um Rio".
Onde eu nasci passa um rio
Que passa no igual sem fim
Igual, sem fim, minha terra
Passava dentro de mim
Passava como se o tempo
Nada pudesse mudar
Passava como se o rio
Não desaguasse no mar
O rio deságua no mar
Já tanta coisa aprendi
Mas o que é mais meu cantar
É isso que eu canto aqui
Hoje eu sei que o mundo é grande
E o mar de ondas se faz
Mas nasceu junto com o rio
O canto que eu canto mais
O rio só chega no mar
Depois de andar pelo chão
O rio da minha terra
Deságua em meu coração
30 comments:
Querido, que falata me faz te ler! Há rios de lirismo correndo em tuas veias, e eu gosto desse mergulho.
AMO ler o Roberto Lima...
Mais uma bela crônica que me toca profundamente esse coração velho! Beijos,
Que Lindo! sua escrita tem classe é bastante descritiva e emotiva, dá pra cria uma imagem (quase) perfeita da história!
E ainda desperta a emoção de voltar as origens... é tão bom ser de outro lugar...
Parabéns pelo blog e o indiscutível bom gosto pelas Músicas.
Neuma Queiroz
Rio é refrigério e benção...
Abraço do Gato ,da Rosa e da mineira (nem tão) perdida em Santa Catarina que tb se encantou com o pé de mini-rosas no lugar em que vc nasceu.
o teu rio, o rio do Álvaro, rios que banham aldeias, mesmas em suas longitudes,
de onde nasci me rio à guisa de mar,
abração
assis,
aquele rio que passa na aldeia de álvaro é o mesmo que corta a minha.
é o subaé de caetano e bethanio, o velho chico de geraldinho azevedo e joao gilberto... é bem por aí...
dentro de mim passa um rio.
beijão do seu amigo
roberto.
Rosa,
mineira achada em santa catarina, rio é refrigério, sim.
estranhamente, escutei, essa manhã, mateus sartori cantando uma cantiga de rio, em que uma mãe chora a vida do filho, levada na correnteza.
o rio é uma faca de dois gumes.
abraçao do
roberto.
neuma, agora que descobriu o caminho, volte sempre.
aqui tem uma cadeira com seu nome escrito nela. tome seu lugar à mesa, e coma consco, pão de poesia.
abração do
roberto.
taninha,
sempre que me lembro de você (e isso é sempre) encontro forças pra não me largar da mão da escrita.
nem sempre consigo retribuia à altura, tanto carinho, tanta generosidade.
ô, cê não existe. das amizades que fiz aqui, você é uma das que me são mais caras.
beijo de sábado,
do roberto.
não há cidade nenhuma nos homens que não tenha um rio; mesmo que apenas dentro de si. até porque cada homem é todos os lugares.
magnífico, seu roberto, para não variar.
ando meio ausente, pois tenho estado em férias. mas a cada regresso, mesmo que temporário, há janelas que não dispenso abrir.
um abraço!
p.s. prepara lá o rim; os trovante reúnem-se no início de setembro na festa do avante :)
Roberto!
Que glória a sua, de lembrar e narrar de modo tão comovente esse seu início de vida. Emoção que corre em suas veias, que lhe fez esse escritor de primeira.
Achei lindo esse seu segundo nascimento.
Parabéns pelo dia dos pais.
Beijos
Mirze
Muitas Vezes Deus Tira Alguem Que
Amamos Tanto.
Mais Esse Mesmo Deus Traz Alguem
Que Aprendemos Amar..
Por Isso NÃo Devemos Chorar
Pelo Que Nos Foi Tirado
E Sim ..Aprender A Amar O
QUE Nos Foi Dado ..
Nada Que È Nosso Vai Embora Para Sempre.
A Você Com Muito carinho um
feliz Domingo (DIA DOS PAIS)
Beijos No Coração.
Evanir.Sei que hoje é dia dos pais só no brasil
mais desde que perdi o meu visito pais no mundo inteiro
nesse dia deixando meu abraço e carinho.Seguindo seu blog ..
jorgíssimo
voce agora cravou um punhal de palmo e meio em meu peito. justamente em setembro eu tenho uma situação doméstica para administrar (e de tal forma imperativa, o ter que não me ausentar dos EUA), que descartei ir a Tóquio participar de um congresso da diáspora brasileira levando o projeto Minha Pátria, Minha Lingua.
MAs, agora, voce me deixou mais confuso do que tudo.
Quanto será o concerto?
Meio que dei uma piradinha, agora.
Beijão,
r.
evanir,
nunca fui muito ligado a datas. esqueço o dia do meu próprio aniversário.
acho que tods os dias deveria ser dia de pais e de maães e de filhos e amigos....
todos os dias... mas este soueu. e respeito muitíssimo as pessoas celebrarem as coisas. e celebro junto, também.
abraço grande do
roberto.
mirze,
são sempre estranhas demais, essas sensações de nascimentos e morrimentos.
quando meu time perde eu morro um tanto. morro em filmes tristes. morro em tanta coisa.
e renasço, aprendiz de fênix, todas as manhãs.
e me eternizo no afeto de pessoas lindas como você.
beijo grande,
r.
Os lugares fazem os homens e os homens são o reflexo os lugares onde passam.
Um rio é vida a passar... Da nascente à foz.
L.B.
e, como diria um amigo que frequenta o mesmo inferno que eu (leia-se bar), cada infânciav tem o rio que merece e cada homem é a criança que mereceu ser...
quanquer coisa assim.
beijão do
roberto.
Inspirador, as always...
e, você, tanira, generosa, querida... as always...
beijão,
r.
primeiríssimo amigo,
então conheces o joão monge e o fernando júdice? hum, esta seria uma excelente oportunidade para os reencontrares, lá para os lados do seixal, no fim-de-semana de 2, 3 e 4 de setembro. bora lá? afinal, para que é que deus nos deu dois rins??? :)
um abraço!
jorgíssimo,
te conto por email a minha pendência do lado de cá...
você não sabe o tanto que tô salivando... to tentando me desvencilhar, o melhor que posso pra remover um compromisso, e to começando a ficar frustrado com minha inabilidade pra levar isso a cabo...
to super confuso. so nao posso fazer uma bobagem maior.
no fim do dia, que se foda o rim...rs
beijao,
r.
Belíssima crônica, Roberto!
Me fez mergulhar em outras águas
que também são as mesmas, as águas da memória!Rios que nos inundam,que
desaparecem mas continuam correndo em nossas veias...!
Um abraço
esse rio, nostálgico e caudaloso percorre o mundo inteiro.
é seguro dizer que não fica um vilarejo íntimo fora de seu cuso.
existirá memória nas pedras?
existirá sentimento nas areias?
existiremos, cabelos molhados noutras águas?
resistiremos?
existiremos, cirandeira?
carinho e admiração do roberto.
nossa, roberto, que encontro mais lindo contigo mesmo... como a vida nos desce vertical quando se é poesia, assim feito tu :) amei toda essa beleza das águas.
beijoca.
lu,
estive viajando, cheguei agora. daí a demora em responder seu comentário.
você, que banha seus pés no capiberibe,e os cabelos no beberibe, sabe tudo de rios.
e mar.
beijão,
r.
Boa noite Primeira Pessoa,
Sou Portuguesa e Professora de formação.
Vi os seus blogs, e optei por este.
Tudo aqui é muito genuíno, muito seu e cheira a terra.
Depois há a parte social e sentimental, não menos interessante.
Continue na Primeira Pessoa, é mais autêntica.
Abraços de luz.
afectosecumplicidades.blogspot.com
Da terceira margem do rio, leio o seu texto e me emociono mais uma vez com a sua escrita dos deuses.
Belo, Bob.
Essas suas reminiscências mineirinhas/ribeirinhas estão merecendo um livro.
O meu Potengi manda lembranças e eu abraço e beijo.
Grande semana, Bob.
Roberto,
Na cidade onde nasci passa um rio...
Também.E que saudades eu tenho das lembranças de quando ele estava em todo seu esplendor, com as pessoas encantadas em suas margens, apreciando, pescando, conversando,com uma algazarra inocente da gente do interior...
As nossas raízes são fincadas onde descobrimos o amor!?
Beijão,
Linda Simões
linda,
muitas cidades foram erguidas perto dos rios para que seus cursos nos atravessem e se transformem em herança genética.
e em saudade.
beijo grande,
r.
ah, paulo poeta,
qualquer dia destes o seu potengi lamberá meus pés...
não vou a natal há mais de 15 anos.
naquele tempo, o morro do careca ainda não conhecia a calvície.
te abraço, desde aqui.
Roberto.
luz,
seja muito bem vinda ao Primeira Pessoa.
que façamos por onde merecer a sua presença entre os nossos.
abração do
roberto.
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