Thursday, November 17, 2016

A metade da sede


(O Segundo Poema)



O copo está 
metade cheio 
e metade vazio


Enquanto uma metade agoniza na faixa de gaza
A outra transcende em Xangri-Lá

Uma metade é festa e alegria
E a outra é luto e tristeza

Uma metade é calmaria
a outra é ventania e tormenta

Há uma metade que condena 
E há outra que anistia

Uma delas está cheia de vida
E a outra agoniza, moribunda

Metade que é pura esperança
Metade que é leite derramado

Metade que é a magia do encontro
E a outra a lonjura do adeus

Metade que é líquida, 
Metade que é ar

Nosso copo está
Metade vazio,
Metade cheio

Com qual metade
Saciará a sua sede?


Coimbra, 14 de Julho de 2016

10 comments:

Ricardo Mainieri said...

A vida é o espaço do doce-amargo, do claro-escuro, da dualidade. A poesia retoma o tema e o insere na realidade presente. parabéns, Roberto.

Tania regina Contreiras said...

Uma beleza e uma bela fase de produção. Estou escrevendo muito também. O que tem me salvado nesse momento tenebroso. Bjos

Primeira Pessoa said...

Quando você passo por aqui, poeta, o meu copo transborda.

abraço grande do

r.

Primeira Pessoa said...

a escrita pode ser a boia de um náufrago, taninha.
beijo grande

r.

Bandys said...

Adorei.
Sou estrela e sou o breu...
Às vezes sou você, mas também sou eu.
Sou sorriso e também sou a lágrima,
Sou essa mistura de sol ardente com trovoada.
Às vezes sou tudo, em outras sou nada. ..
baccios

na vinha do verso said...


agora sim, o poeta inteiro abriu o escrevedor

CANTO GERAL DO BRASIL (e outros cantos) said...

Bom te ler em versos, cronista. Como é bom te ler em prosa, poeta. Bom te ler sempre... abs.

Suzana Guimarães said...


Já não suporto mais este mundo antagônico, doído e doido. Talvez eu não faça parte... estou aqui por descuido.

Olho um sorriso lindo e vejo, junto, oculto, feito sombra a me perseguir, o sorriso morto logo ali, adiante... e dói.

Suzana

Primeira Pessoa said...

Da rama, poeta de versos generosos e sutis, sua presença neste minifúndio de aflições é um bálsamo.

Beijo grande

R.

Primeira Pessoa said...

é beber a metade certa, Suzana. é receita da vovó.
Beijão

R.