
Se terminar este poema, partirás. Depois da
mordedura vã do meu silêncio e das pedras
que te atirei ao coração, a poesia é a última
coincidência que nos une. Enquanto escrevo
este poema, a mesma neblina que impede a
memória límpida dos sonhos e confunde os
navios ao retalharem um mar desconhecido
está dentro dos meus olhos – porque é difícil
olhar para ti neste preciso instante sabendo que
não estarias aqui se eu não escrevesse. E eu, que
continuo a amar-te em surdina com essa inércia
sóbria das montanhas, ofereço-te palavras, e não
beijos, porque o poema é o único refúgio onde
podemos repetir o lume dos antigos encontros.
Mas agora pedes-me que pare, que fique por aqui,
que apenas escreva até ao fim mais esta página
(que, como as outras, será somente tua – esse
beijo que já não desejas dos meus lábios). E eu, que
aprendi tudo sobre as despedidas porque a saudade
nos faz adultos para sempre, sei que te perderei
em qualquer caso: se terminar o poema, partirás;
e, no entanto, se o interromper, desvanecer-se-á
a última coincidência que nos une.
Maria do Rosário Pedreira
A Música Que Toca Sem Parar:
letra de Francisco Vianna e melodia de Luís Represas, que divide a canção com Pablo Milanés, um ídolo meu: FEITICEIRA.
De que noite demorada
Ou de que breve manhã
Vieste tu, feiticeira
De nuvens deslumbrada
De que sonho feito mar
Ou de que mar não sonhado
Vieste tu, feiticeira
Aninhar-te ao meu lado
De que fogo renascido
Ou de que lume apagado
Vieste tu, feiticeira
Segredar-me ao ouvido
De que fontes de que águas
De que chão de que horizonte
De que neves de que fráguas
De que sedes de que montes
De que norte de que lida
De que deserto de morte
Vieste tu feiticeira
Inundar-me de vida.
mordedura vã do meu silêncio e das pedras
que te atirei ao coração, a poesia é a última
coincidência que nos une. Enquanto escrevo
este poema, a mesma neblina que impede a
memória límpida dos sonhos e confunde os
navios ao retalharem um mar desconhecido
está dentro dos meus olhos – porque é difícil
olhar para ti neste preciso instante sabendo que
não estarias aqui se eu não escrevesse. E eu, que
continuo a amar-te em surdina com essa inércia
sóbria das montanhas, ofereço-te palavras, e não
beijos, porque o poema é o único refúgio onde
podemos repetir o lume dos antigos encontros.
Mas agora pedes-me que pare, que fique por aqui,
que apenas escreva até ao fim mais esta página
(que, como as outras, será somente tua – esse
beijo que já não desejas dos meus lábios). E eu, que
aprendi tudo sobre as despedidas porque a saudade
nos faz adultos para sempre, sei que te perderei
em qualquer caso: se terminar o poema, partirás;
e, no entanto, se o interromper, desvanecer-se-á
a última coincidência que nos une.
Maria do Rosário Pedreira
A Música Que Toca Sem Parar:
letra de Francisco Vianna e melodia de Luís Represas, que divide a canção com Pablo Milanés, um ídolo meu: FEITICEIRA.
De que noite demorada
Ou de que breve manhã
Vieste tu, feiticeira
De nuvens deslumbrada
De que sonho feito mar
Ou de que mar não sonhado
Vieste tu, feiticeira
Aninhar-te ao meu lado
De que fogo renascido
Ou de que lume apagado
Vieste tu, feiticeira
Segredar-me ao ouvido
De que fontes de que águas
De que chão de que horizonte
De que neves de que fráguas
De que sedes de que montes
De que norte de que lida
De que deserto de morte
Vieste tu feiticeira
Inundar-me de vida.
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18 comments:
(me atiraste outro dardo, roberto!)
que rosário!
essa mulher é uma linda, né lu?
escreve muitíssimo bem.
beijo grande
r.
Depois de tudo isso...não dá nem prá deixar comentário! Maravilha...sem palavras!!
Abraços
e tenha um ótimo Halloween
Lhú Weiss
grato pelas palavras gentis, Lhú Weiss.
halloween?
as bruxas já me batem à porta.
grande abraço,
roberto.
Um amor a viver da palavra escrita, a morrer do poema terminado... É uma imagem maravilhosa.
Gosto muito deste texto, talvez porque, também eu dou palavras. Às vezes, nem percebo que, para quem as recebe, pode ser pouco.
A "Feiticeira" traz-me o som terno da voz inconfundível do Luís Represas.
Felicito-o pelos conjuntos com que nos presnteia.
L.B.
Olá Roberto!
Não passo aqui todos os dias, mas você sabe o quanto aprecio o teu escrever...
Tem para ti um prémio DARDOS, aqui:
http://meusamigosseusmimosmeusencantos.blogspot.com/
quer ir buscar?! :-)
Beijo.
Roberto, que beleza de texto, meu amigo! Nossa, quase (quase!) chorei de tão lindo. Vc e essas preciosidades que traz pra gente...
Beijos,
taninha,
quem chora pelos motivos certos, vai diretinho pro céu.
beijão,
r.
moça do outrosencantos, buscarei meu mimo, sim. só não sei como usá-lo...rs
perguntarei ao fouad talal, caboboclo que manja destas artes. como poucos.
amuito grato pelo carinho.
o apreço do
roberto.
lídia,
tornei-me "amigo" de uma das filhas do pablo milanés no facebook. sempre que posso, passo na pagina dela e fico lá, enternecido, com a s fotos de pablo e suas quatro filhas. eu, que tenho três moças...rs
luís represas? sou fã desde os trovante.
também sou seu fã viu?
abraçao do
roberto.
Poema maravilhoso!
Música belíssima!
Mais um presente especial que nos dás...
Grata.
Abraço apertado, Roberto!
e o seu presente maior, zélia: a sua presença.
beijo grande do
r.
Robertooo..., amigo, querido!
Não tem que fazer nada de especial, a não ser, por exemplo, guardar essa lembrança na memória, no coração, sei lá..., porque foi a minha maneira de lhe dizer, que embora seja muito faltosa, aparentemente, neste espaço, o lembro sempre com o carinho que um amigo me merece. Significou portanto, um beijo, um abraço e um "gosto muito de você, meu Amigo"!
Só isso. Obrigada, Roberto. :-)
ta guardadíssima, na memória, no coração, na alma...
gestos delicados, gentís, andam cada vez mais raros. suúdo-te por isto e por tudo o mais.
saiba que aprecio muitíssimo, moça do outrosencantos, o seu gesto.
retribuo o abraço e o bem-querer.
que se registre!
abração do
roberto.
Fiquei emocionada.
Es una preciosidad. Llego hasta ti, desde el blog de Luciana y me quedo y te sigo. No podré comentarte en portugués así que te comentaré en castellano hasta que aprenda algo más portugués. Preciosa la música, las letras, todo. Me voy inundada de vida. Gracias. Un abrazo indigo.
acho que sou parente distante desta Pedreira, pois meu pai se chamava José Pedreira de Assis Freitas. Eu fiquei sem a Pedreira por conta de um escrivão desavisado,
poema do cacete, prá dizer em linguagem porreta
abraço
do cacete é vozê, zé de assis, pedreira ou não pedreira...rs
já disse: sou fã.
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