Thursday, December 1, 2011

Precisa-se de Homens














(Para Lula Barbosa)
O anúncio no jornal obedece os preceitos que um pequeno anúncio na seção de classificados deve ter: é dinâmico, direto, deixa bem claro o que se busca e a recompensa, mas com duas pequenas diferenças.
O anúncio é bem maior do que os normalmentes publicados na página de Classificados e, no final, não existe um número de telefone de contato.
Mas dá a ler que precisa-se de homens. E que a contratação é imediata.
Precisa-se de homens com boa vontade.
Homens sem igreja.
Nenhuma igreja. Mas que sejam homens de fé.
E que sejam generosos e estejam dispostos a repartir.
Que não aceitem a fome, a falta de um teto, as mazelas do calor e do frio e a injusta distribuição.
E que entendam a diferença entre conhecimento e sabedoria.
Que não sejam couraçados ou invasores.
E que estejam dispostos a apagar com uma borracha as linhas de fronteira, pois a partir de agora, tudo será uma coisa só.
Precisa-se de homens gentis.
Homens que tenham no peito um jardim, e não uma trincheira.
Homens firmes, idealistas, e que levantem uma nova bandeira.
Uma bandeira sem brasão.
Uma bandeira sem ideologia, limpa de sangue e sem tradição de conquistas.
Uma bandeira pura e branca como a pomba de Pablo Picasso.
Como a água de um riacho.
Como o algodão.
Precisa-se de homens que abdiquem da ganância, que abominem o lucro predatório.
E que sejam pacíficos e solidários.
Homens que não sejam o lobo do homem e que sejam o oposto do que representam os falsos profetas de Wall Street.
Que não sejam salvadores de pátrias e de almas.
E que não sejam amigos próximos de Deus.
Precisa-se de homens para a construção de uma grande obra.
Para a maior obra que já foi edificada até aqui.
Uma obra bem maior que a represa de Itaipu, Matchu-Pítchu, as muralhas da China e do que a própria China.
Precisa-se de homens para a construção de uma grande obra.
Precisa-se de homens para a construção de um novo mundo.
E, posto que amor, com amor se paga, paga-se bem.


A Música Que Toca Sem Parar:
Milton Nascimento musicou um poema de Carlos Drummond de Andrade e nassão esta vesão cantada de Canção Amiga.

Eu preparo uma canção
Em que minha mãe se reconheça
Todas as mães se reconheçam
E que fale como dois olhos
Caminho por uma rua
Que passa em muitos países
Se não me vêem, eu vejo
E saúdo velhos amigos
Eu distribuo segredos
Como quem ama ou sorri
No jeito mais natural
Dois caminhos se procuram
Minha vida, nossas vidas
Formam um só diamante
Aprendi novas palavras
E tornei outras mais belas
Eu preparo uma canção
Que faça acordar os homens
E adormecer as crianças
Eu preparo uma canção
Que faça acordar os homens
E adormecer as crianças.

26 comments:

Anonymous said...

Ontem eu li uma frase muito engraçada de Tati Bernardi que diz assim:"Pra homem bonito dou uma de inteligente. Pra homem inteligente dou uma de bonita. Pra homem bonito e inteligente dou uma."

Rindo....

[esta musica é maravilhosa]

Abraço!

Anonymous said...

Posso sugerir algo??

Tire esta confirmaçao de caracteres dos comentarios...é muuito chato e nao tem utilidade.

Caso nao saiba como faze-lo:

- vá em design, clique em comentarios e achará:
Exibir uma confirmação de palavras para os comentários?

clique em NAO e depois em salvar configuraçoes.

[uffa! que alivio sera...rs]

beijo

Tania regina Contreiras said...

Já li lá no Tertúlia e comentei. Repito-me: O que se sonha...se é! Te vi um tantão nessa crônica de banhar o coração de esperanças!
Beijos, Beto

controvento-desinventora said...

Comungo com todos os sentidos que oferecem este texto,que é lindo e de extrema sensibilidade.

Unknown said...

precisa-se com inefável precisão,



abraço

Noslen ed azuos said...

... ñ precisa de numero telefônico, a comunicação deve ser feita diretamente ao coração, consciência.

abços
ns

Primeira Pessoa said...

margoh,
segui suas instruções bonitinho e, acho, acabou-se a chateação dos numeros de confirmação.


essa música do milton, sim... lindíssima.

grande beijo do

r.

Primeira Pessoa said...

noslen,
voce disse tudo. é de coração para coração, sem intermediários.

grande abraço do

roberto.

Primeira Pessoa said...

precisa-se, zé de assis.
e você é meu mestre-de-obras.

beijão,

r.

Primeira Pessoa said...

taninha,
e eu disse lá e eu digo cá...

parece que a crônica foi escrit pra ti.
e, de repente, foi mesmo.

beijão,

r.

Primeira Pessoa said...

desinventemos a vida, então...
pode ser que o caminho seja a desconstrução, moça que corre contra o vento...

será que seria este o caminho?
será?
seremos?


bom demais encontrá-la por aqui.

abração do

roberto.

Jorge Pimenta said...

robertílimo,
só o que não faz falta se perde nas teias da afonia. é que a voz, a verdadeira e toda, faz-se de grito e do respetivo silêncio. como tu bem o sabes, querido amigo!
antecipo-me ao tempo [nunca me oriento nestes [con]fusosos horários] para te deixar este abraço de feliz aniversário. por tua conta, vou beber uns tragos de porto. só não sei de lacrima christie, se reserva, se tawny, se... dir-mo-ás tu, que dominas este dialeto bem melhor que eu :).
grande abraço, imenso amigo!

Primeira Pessoa said...

meu querido jorgíssimo,

a voz do amigo, aquela verdadeira e que se reconhece à distância, reverbera do lado de cá do atlântico e aí, quase em fronteiras de espanha.

tomara que um dia ainda celebremos juntos, o meu ou o seu... aqui ou aí....

ou lá em baixo... no brasil.
esse brasil que ainda espera por ti, jorgíssmo.

vou lhe escrever um email. tomei um imenso susto na noite de quinta.
por muito pouco não estaria aqui pra contar... e pra fazer esta feijoada à brasileira que servirei amanhã, para os meus amigos, celebrando a vida. a minha, a deles, a de todos nós.

saudades, jorgíssimo... ainda guardo nos ossos o frio da pedreira... os cabelos molhados da chuva no porto, parece que jamais secarão...

abraço maior do

roberto.

Daniela Delias said...

Sabe, Beto...fiquei pensando nesses homens que têm no coração um jardim e não uma trincheira, esses homens como tu. Cada um fazendo a sua parte, cada um sendo muito. E o teu jeito de fazer é com a palavra: notícia, prosa, poesia. Imagino que esses homens assim, depois de tanta luta, mereçam ter um cadiquim de tempo de descanso num lugarzinho bonito, com um jardinzinho pra cuidar, como na Serra do Cipó. Acho que é o presente de aniversário que te deixo, uma imagem de sonho. Pra que sonhando a vida te inspire, e inspirado sejas esse presente nas nossas vidas.

Bj,bj...

na vinha do verso said...

longa vida ao poeta

comemore com merecida serenidade

parabens, mano

Anonymous said...

[testando....testando]

rs

Unknown said...

Passei aqui só pra deixar aquele abraço!

Passa l[a no meu blog que deixou de ser lampejo para ser sozinha e que depois que você for vou excluí-lu de vez.

FELICIDADES MEU MANO LINDO!

Beijos

Mirze

Márcio Ares said...

Oh, Pessoa, então você também cozinha pra não ficar louco e chora nos filmes que merecem lágrimas e gosta de azul!!??

Coincidência entre poetas é outra coisa, tem nome não.

Descubro que não sou só eu que estou nesta estrada e que nasci de pé no chão, homem de Pedra, louco de jogar palavra! Só que eu nasci num Bonfim, depois fui menino de Buritis, pra ficar agora sem lugar.

A propósito, gostando assim da infância, você já leu Ler Escrever e Fazer Conta de Cabeça do Bartolomeu de Queiróz, né? A história que eu queria ter escrito. E Miguilim, é claro!

Beijo na alma,

Márcio Ares.

PS: a propósito, a escolha da foto lá do blog foi de Paula Alvim. Esperta, essa moça!

Vais said...

Poxa, Roberto, que as energias e as vibrações façam acontecer!

É de elevar toda esta energia boa de esperanças e bem estares que flui de você

Parabéns, moço, pelos anos de vida e que sejam comemorados por muitos e muitos ainda com todo o carinho, palavras e gestos.
Muitas felicidades, luzes coloridas, amores de montão, saúde e paz e tudo de bom.

grande abraço e beijo com carinho pra ti

Primeira Pessoa said...

vais,

retribuo o afeto e reitero a alegria de vê-la aqui, entre os meus.

já sou um legítimo representante da terceira idade.

beijão do

roberto.

Primeira Pessoa said...

márcio,
falando assim já está intimado a fazer parte da turma da cozinha na próxima tertulia.

e, este ano que vem, temos que arrastar o nanini. quero ver se você o convence a participar.

beijão do

roberto.

Primeira Pessoa said...

mirze,
não exclua o blog. se for preciso, ausente-se um pouco dele e, depois volte com força total.

eu só me manifesto, lá, se ce prometer que deixa ele quietinho.
pode ser?


beijao do seu amigo e fã,
o
roberto.

Primeira Pessoa said...

deu certo o breguetinho aí, margoh?

me deixe saber.

beijao,

r.

Primeira Pessoa said...

marquinho,
tomara que comemoremos o proximo aí emk terras mineiras.

a imagem sua com o bispo na tertulia deste ano não me saiu das retinas.

saudades, mano... saudades...

beijão,

r.

Primeira Pessoa said...

dani,
cê, que me conhece tão bem, sabe da minha adoração por aquele pedacim de chão. tomara que eu ainda mereça voltar pra lá.

lendo você (suas palavras me emocionam e causam aquela reação que cê conhece tão bem, aquele jeito meu de baixar os olhos como se tivesse soltado um pum dentro da igreja... o que fazer? sou assim...rs)... ah, sim, mas eu dizia que, lendo voce, me lembrei de seu conterrâneo vitor ramil, quando ele diz que "a paz do indivíduo é a paz do mundo".

e viva o rio grande. e viva minas. e viva nóis. e viva até o rabo do tatu!

beijão,

r.

ÍndigoHorizonte said...

Me ha encantado esta crónica, Roberto, este clasificado que busca lo que precisa, lo que tantos precisamos. ¡Con cuánta poesía escribes, con cuánto entusiasmo, con cuánta sabiduría! Me arrancaste una sonrisa y la necesitaba. ¡Gracias! Un abrazo grandísimo y lleno de añil.