Tuesday, August 17, 2010

Devemos Cuidar Dos Nossos Enquanto Ainda Estão Vivos

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Vinícius de Moraes é promovido pós-morte a embaixador

Em uma cerimônia, nesta segunda-feira (16), com parentes e amigos de Vinícius de Moraes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva promoveu o poeta e diplomata ao cargo de embaixador pós-morte, ocorrida em 1980.
Ao discursar, Lula afirmou que essa reparação poderia ter sido feita antes e criticou a aposentadoria compulsória do poeta ocorrida no período da ditadura militar após ele ter atuado por 26 anos na diplomacia brasileira.

“As pessoas que tiveram a atitude de um dia propor a cassação de Vinícius de Moraes certamente não serão lembradas pela história. Amanhã ninguém está ou estará sentindo a falta dessa gente”, disse Lula.

Em 1968, Vinícius de Moraes foi aposentado compulsoriamente por meio do Ato Institucional Nº 5 (AI-5) sob alegação de que seu comportamento boêmio não condizia com a carreira pública. Vinícius atuou na diplomacia brasileira, em geral em atividades burocráticas, servindo em Los Angeles (Estados Unidos), Paris (França) e Roma (Itália).

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou que essa é uma das mais pesadas heranças que ficou da ditadura. “Quando puseram a assinatura na cassação de Vinícius era uma autocassação do Itamaraty que se diminui diante do mundo. Isso tudo hoje demonstra que a força do humanismo é maior do que a força da arma, que a força das ideias pré-concebidas”.

A aposentadoria de Vinícius foi publicada quando ele fazia um espetáculo em Lisboa (Portugal) com Chico Buarque de Hollanda e Nara Leão.

(Fonte: Agência Estado)


A Música que Toca Sem Parar:
Vinícius de Moraes, nosso eterno poetinha, recitando seu Soneto da Despedida.


Uma lua no céu apareceu
Cheia e branca; foi quando, emocionada
A mulher a meu lado estremeceu
E se entregou sem que eu dissesse nada.

Larguei-as pela jovem madrugada
Ambas cheias e brancas e sem véu
Perdida uma, a outra abandonada
Uma nua na terra, outra no céu.

Mas não partira delas; a mais louca
Apaixonou-me o pensamento; dei-o
Feliz - eu de amor pouco e vida pouca

Mas que tinha deixado em meu enleio
Um sorriso de carne em sua boca
Uma gota de leite no seu seio

53 comments:

Unknown said...

Sobre esse tema, gosto de lembrar o samba de Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito:
Me dê as flores em vida/O carinho, a mão amiga/Para aliviar meus ais/Depois que eu me chamar saudade/Não preciso de vaidade/Quero preces e nada mais.


abração

Ira Buscacio said...

Bela lembrança.

O caçador espreita a caça. mata!
Mata sua própria existência, quem lembra seu nome?
A caça morre caçada. Fixa. Cresce na boca da gente.
Viniciussssssssssss
Vinicius de Mô-Rá-és
Vinicius demais!

Bjinho

Tania regina Contreiras said...

Queria ser uma mosquinha do Além e saber como o Poetinha reagiria a essa novidade...
Beijos,Robertinho

Eliana Mara Chiossi said...

Não sei se um homem consegue entender o que pode uma mulher que se entrega, sem palavras.
Talvez Vinicius tenha entendido.

Marcantonio said...

Pois é. Que importância tem isso? É uma reparação que interessa muito mais à memória do Itamaraty do que à do próprio Vinícius, que permanece lembrado como artista, como poeta e criador, de uma forma que jamais seria como diplomata. Desconfio que provavelmente ele não deve ter se ressentido tanto dessa cassação. Se é que não a ostentasse com orgulho. Será?

Abração, Roberto!

Anonymous said...

Oa falar de Vinicius? Eum mais me expira na poesia... Um gigante... Transcede em sua obra... Um imortal!

Obrigado pelo post tão significativo de hj Roberto!

Abraço!

Jorge Pimenta said...

nem de propósito, querido amigo: vinicius e seu soneto da despedida. ai a saudade e os eternos adeus...

agarrando nas tuas palavras lá no viagens de luz e sombra, reitero que a saudade se faz com a cor dos olhos da mulher portuguesa, quer quando ela mesma (a menina dos rouxinóis, de bernardim ribeiro, a joaninha de garrett e as viagens, entre tantas outras), quer se transvestida (como sucedia com o lirisno peninsular, quando os trovadores se trajavam de mulher que chorava a partida do amigo). é uma sina, é um destino, é uma maldição, mas é também uma forma de estar na vida (se não mesmo a própria vida).

um abração, homem dos mil instrumentos de tinta e dos milhões de afectos de pele!

p.s. as imagens que deixas no teu comentário lá no viagens têm de ser obrigatoriamente inscritas numa crónica reclamada sobre a saudade. haverá coisa mais verdadeira (e por isso perfeita e bela) que "
toda mulher portuguesa tem um olhar de cais. de estação de comboio. o sorriso da mulher portuguesa é um lenço acenando.
alguém sempre partiu."

Unknown said...

No meu pensar e egoísmo poético, ganhamos nós mais com o poeta que com o embaixador.

A boemia do Vinícius era sua inspiração e vida. Viveu plenamente e da forma como gostava.

Não posso julgar a atitude do presidente, mas nunca me conformei com esse culto à morte.

Por isto eu lhe homenageio hoje, Roberto! E presto homenagem à todos os escritores e poetas VIVOS!

Beijos

Mirze

Noslen ed azuos said...

A política infelizmente neste país não convém aos poetas e com Vinicius de Morais muito menos que aprendeu a façanha de viver a sua poesia; um dos poucos felizardos.

abraços/ fiz uma alusão de seu blog no meu rsrs

ns

CANTO GERAL DO BRASIL (e outros cantos) said...

Roberto,
Eu que tenho o vicio de citar nomes em meus escritos - daí nasceu o Canto Geral, além do disco do Vandré, claro -, sofro de overdose de Vinicius. Vira e mexe, lá está o Poetinha disperso no pó da minha pobre e teimosa poesia...
Ei-lo sempre presente:
"Compositor, Luana, não sou um Caetano
Nem pintor sequer uma réplica do Picasso
Nem arquiteto uma cópia do Amilcar de Castro
Mas posso ser o teu poeta, por engano

Inventar-te versos
Com sabor de música
E o êxtase das frutas.
Pintar-te um soneto
Com as dores do Vinicius
Seus amores, seus vícios.
Oldidar ciúmes e rancores
Para serem perdoados,
Esconder rimas e flores
Na oferenda a um mendigo,
Transformando-o num amante
(muito mais que um coitado).

Conquistar Shakespeare
Ou Margaret Thatcher
Com as frases que eu digo
Só porque estou apaixonado,
Só porque estou apaixonado,
Só porque estou apaixonado,
So porque..."

Abração, e desculpa a invasão mais uma vez: darrama.

Luciana Marinho said...

não sabia disso, roberto.
amo vinícius..
e sempre é supimpa passar por aqui!

beijoca, querido!

líria porto said...

assisti a cerimônia, betinho, o choro da filha, o canto da neta, da miúcha - o pé e a mão do presidente tamborilavam... vinícius e eu nascemos no mesmo dia de outubro - acho isso um luxo... risos
besos

Wilson Torres Nanini said...

Roberto,

a Vinícius o que lhe perteceu sempre! Reconhecimento cheirando a mofo, coisa guardada em porão. Mas, antes tarde do que nunca. E estejamos vigilantes, pois a Venezuela fica bem pertim daqui... E os tiranos estão ainda à sombra da sensatez - perdoe-me o clichê - querendo vir à tona.

Abraços!

Paulo Jorge Dumaresq said...

Vinícius tem tanto para nos dizer, Roberto.
Justo reconhecimento do governo brasileiro.
Do céu, o "poetinha vagabundo" certamente vibrou e depois tomou todas.
E eu vou tomar um conhaque por ele.
Abração, dileto amigo.

Gerana Damulakis said...

Os sonetos de V de M são antológicos, sem dúvida.

Lua Nova said...

Seria cômico se não fosse trágico...
Tá certo, nosso poetinha merece esse reconhecimento e eu aplaudo, mas quero saber quem vai "fazer justiça" e indenizar aos milhões de brasileiros e suas famílias, "perseguidos,caçados e barbarizados" pela incompetência venal dos governos que vieram DEPOIS da ditadura. Quem vai "devolver" a saúde perdida, as vidas perdidas, o tempo perdido com a educação de péssima qualidade, a cidadânia e a dignidade aviltadas. Quem dará ao Brasil um povo que se respeite e que se faça respeitar?
Ai... desculpe! Falei demais!Às vezes destrambelho... rsrsr
Um fds delicioso pra vc.
Beijos.

Tania regina Contreiras said...

Ah, Roberto, tá fazendo falta esse tricô na sua cozinha: cadê você?
beijos

Jorge Pimenta said...

querido amigo, espiei lá no mil e um poemas, do nosso assis, que estás a voar algures por esse azul celeste. espero que esteja tudo bem e que esta ausência seja absolutamente programada.
enquanto isso, lembrei-me de ti a propósito de uma distinção-desafio lançada pela jb, do "em tons de azul". passa no viagens de luz e sombra para conferir, se puderes e tiveres interesse nisso. no que a mim diz respeito, teria a maior curiosidade em saber "9 coisas" a teu respeito (duas já sei: cruzeirista até dizer chega e camarada pa caramba :)).
um abração!
p.s. ai este benfica que vai de mal a pior... dois jogos para a liga e duas derrotas... coração sofre...

Lídia Borges said...

Vinícius de Moraes, boémio ou não, será sempre um embaixador da cultura brasileira e um nome inultrapassável na poesia em Língua Portuguesa.


Um beijo

L.B.

Unknown said...

OH ROBERTO!

Porque parou? Vamos precisar fazer seu resgate.

Beijos

Mirze

Zélia Guardiano said...

Postagem maravilhosa!
Simplesmente maravilhosa...
Mas, cadê você, Roberto?
Estou preocupada...
Nenhum comentário liberado, aqui há...
Forte abraço!!!

Wanderley Elian Lima said...

Coisas dos Brasil. Vinicius não precisa disso par ser lembrado, sua obra é sua maior lembrança.
Abração

Mulher na Polícia said...

Nessa de que o mundo dá muitas voltas, parece que uns ficam mais tontos que outros.
: )

Beijos!

Andrea de Godoy Neto said...

"E por falar em saudade onde anda você
Onde andam seus olhos que a gente não vê..."

Menino, já tô com saudades de ti!

Beijo, roberto querido!

Chiquinha Chicória said...

Te acompanho. Gosto daqui.

Ale Danyluk said...

Eu amo Vinícius e citá-lo é sempre uma ótima pedida.
Devemos sim vangloriar os nossos em vida e não como fizeram com o poetinha...
Mas nunca é tarde para aprender.
Lindo post
Bjo
Ale

Primeira Pessoa said...

ale,
fico pensando no que vinicius diria desta "honraria"...
riria?
desdenharia?

acho que beberia um uisque.

beijao,
r.

Primeira Pessoa said...

chuiquinha,
e nós gotamos de tever (e ler) por aqui.

esta casa é sua.

abração do
roberto.

Primeira Pessoa said...

andrea, amiga querida,
estamos voltando, vivendo o purgatório dos dois últimos dois dias de férias.

beijo imenso do

roberto.

Primeira Pessoa said...

parei não, mirze, tava aqui, de férias, fingindo de morto.

volto na quinta.
tava com saudade d' ocês.

beijão,

r.

Primeira Pessoa said...

mulher na polícia, nessas voltas que o mundo dá, alguns ficam mais TANTOS que os outros.

vinicius era um tantão...rs

beijo do

r.

Primeira Pessoa said...

wanderley,
vinicius se eternizou em nós, sempre que o leio, sinto-o tão pertinho...

tão pertinho...

abração do
roberto.

Primeira Pessoa said...

zélia,
a voce e todos estes amigos queridos, peço imensas desculpas por ter saído sem ter dito pra onde ia.
mas to de volta.

e é bom demais reencontrá-la aqui.

beijão do
roberto.

Primeira Pessoa said...

lídia,
a escolha pelo lifestyle eu nem discuto...rs
mas a obra de vinicius...
to sempre dispoto a entabular uma prosa sobre o poetinha.

abração do
roberto.

Primeira Pessoa said...

jorgíssimo, retorno ao mundo dos amigos na quinta-feira, quando reassumo minhas funções no meu cotidiano...rs
se ainda chegar a tempo, terei o máximo prazer em participar da brincadeira.
afinal, já lhe disse: se você me chama, eu vou.

nosso cruzeiro vai razoavelmente bem. está em quinto. pega o " framengo" amanhã, em minas. se ganhar, melhora bastante a posição na tabela.

e nossa áaguia, tranquilize-se. ainda voará alto nesta temporada.

abração do
roberto.

Primeira Pessoa said...

pablo,
concordo em gênero, numero e grau com as suas palavras.

vinicius, ave rara!

fico feliz de te ler por aqui.

abração do
roberto.

Primeira Pessoa said...

marcantonio,
não conheci vinicius, mas tenho amigos que foram contemporaneos dele, parceiros de noitadas e copos... contam estorias engraçadíssimas do poetinha e garantem, ele certamente não ligaria a mínima para honraria.

certamente pediria o dele em uisque, aquele que ele chamava de cachorro engarrafado, o melhor amigo do homem...rs


beijao, marquinho.

r.

Primeira Pessoa said...

taninha,
to voltando pro tricô e trouxe, de presente para os amigos, novelos de todas as cores.

e agulhas paraguaias...rs

tava com saudade de prosear com você.

beijão,

r.

Primeira Pessoa said...

lua nova,
você não falou demais.
as coisas que você fala fazem todo o sentido do mundo.

condordo. e assino em cima. em baixo.
assino onde você mandar.

abração do
roberto.

Primeira Pessoa said...

ah, nanini, os tiranos existirão sempre.

como existir sempre o mal.

e o bem.

sabemos, assim como o poetinha, o caminho mais tortuoso.

mas não tenho dúvida de que escolhemos o melhor caminho.

abração do
roberto.

Primeira Pessoa said...

gerana,
a produção de vinicius, não apenas os sonetos, foi muito boa.
é raro ler um texto de vinicius que não me toque bem no fundo.

abração do
roberto.

Primeira Pessoa said...

nelson,
passarei pelo seu blog. perdoe-me não tê-lo feito antes. estava viajando.

sua presença me traz alegria.

abração do
roberto.

Primeira Pessoa said...

eliana,
vinicius é um dos raros casos de homem que desvendou a alma feminina.

olho pras coisas dele com olhos de contemplação.
assim, encantado...

abração do
roberto.

Primeira Pessoa said...

Ira,
vinicius nasceu com vocação pra ser caça.
eternamente.

abração do
roberto.

Primeira Pessoa said...

Ira,
vinicius nasceu com vocação pra ser caça.
eternamente.

abração do
roberto.

Primeira Pessoa said...

da rama,
cê não é invasor.

você que me habita.

belas palavras semeadas neste canteiro de afetos.

ó, outubro tá chegando...

beijão do

r.

Primeira Pessoa said...

assis, maradona do rio vermêio...
saudades d' ocê, cabra bão.

acho que vinicius dispensaria as preces, sabia?

pediria um verso. uns dois goles de uisque na cova rasa... e o verso de uma cannção...

que é que ocê acha?

beijão,

r.

Primeira Pessoa said...

luciana, sei do seu bom gosto na escolha das palavras.

ah, isto eu sei.

beijão do

roberto.

Primeira Pessoa said...

luciana, sei do seu bom gosto na escolha das palavras.

ah, isto eu sei.

beijão do

roberto.

Primeira Pessoa said...

paulo poeta de pipa,
não sei se vinicius vibraria com este gesto "pós-morten" do governo brasileiro...
pô, os caras o demitiram porque ele bebia (e comia) umas e outras...rs

ao seu conhaque ele diria tim-tim!

beijão,

r.

Primeira Pessoa said...

lírica,
acho um lance muito hipócrita usarem o nome do poetinha naquilo que mais me parece um golpe de publicidade.
repito: devemos cuidar dos nossos enquanto ainda estão vivos.

mas esses caras do governo nasceram (e morrerão) surdos.

e insensíveis.

beijo meu,

r.

Primeira Pessoa said...

lírica,
acho um lance muito hipócrita usarem o nome do poetinha naquilo que mais me parece um golpe de publicidade.
repito: devemos cuidar dos nossos enquanto ainda estão vivos.

mas esses caras do governo nasceram (e morrerão) surdos.

e insensíveis.

beijo meu,

r.

Ana (Ballet de Palavras) said...

Roberto,
Tristemente e, lamentavelmente uma veracidade corrente nos nossos dias.

Vivo a cada dia que passa com a certeza que cada vez mais as atitudes se dispersam, os ideais se minimizam e, as acções se distanciam. O título do seu texto sucinto, e, real apela a uma urgente consciencialização na mutação desses hábitos.

Sabe, Roberto?! Semelhantemente, lembra-me o tempo?! O tempo que não temos … o tempo que se dissipa perante o nosso olhar. O mesmo tempo que se metaforiza quando algo catastrófico acontece. Por vezes, ás vezes, o tempo é o nosso aliado e, o único com tempo para nos agasalhar … Mas, as sequelas do tempo … essas Roberto ficam para a eternidade porque em determinada altura tempo é raro de encontrar.

Um delicado e, terno dia para si.

Ana