.
haverá talvez um modo de amanhecer
que revele nos olhos o secreto ardor
com que se levanta o trigo enorme.
haverá talvez um lago que a noite não toque
e de dia em dia, como ontem, como amanhã,
cante a mulher que ali foi ver nascer o filho.
haverá talvez um suor que não o do sacrifício
e com o qual a pele cintile como uma borboleta
que vem descendo o céu até à flor dos teus lábios.
haverá talvez uma fala onde nos poderemos encontrar
sem que a tua mão esqueça a minha, sem que o sorriso
esconda o vazio, uma fala que só possa e saiba dizer nós.
haverá talvez um poema em que o soluço aperte as veias
como o rio aperta o mar, um poema em que eu e tu
dormimos sobre o luminoso esplendor do universo.
**
dedos e dedos
voa comigo nos ombros da noite
enlaçados como dedos e dedos
na ternura completa das mãos.
inventemos asas até que nos
tenham como irmãos os pássaros
e as crianças nos persigam
pelo areal - o voo que é delas também.
acredita que o nosso olhar tocará um dia
o horizonte com tal força que a nossa palavra
ficará redonda, redonda como os ombros
desta noite em que te convido a descobrires
comigo o amor enorme que a maré nos tem
quando nos cobre os pés e nos obriga a nascer.
***
imensamente nos deitamos um no outro
e não mais nascemos para a mão escura
que tapa o sol e afoga a lua
estamos como se tudo estivesse connosco
e connosco estivessem os nomes que primeiro se deram
flor rio azul estrela terra
*
A Música Que Toca Sem Parar:
Secret Garden, Elan.
25 comments:
ah, roberto!
E há o que dizer diante desses versos? Uma lindeza só
nem me fale do jogo, pior do que empatar com o cruzeiro é empatar num dia em que o inter ganhou (por mísero 1x0)...haja paciência pra aturar os colorados..rs
e meu cabelo está 'quase' liso de tanta chuva por aqui
beijo enorme pra ti
Esse Vasco Gato terá mais de sete vidas poéticas. Impossível dizer qual o melhor dos poemas. E a sua sensibilidade para essas escolhas é mais uma vez confirmada.
Eu não comentei nas duas postagens anteriores, mas li, hein!
Abração!
andrea,
pior que empatar com o gremio em casa é constatar que meu time tá sem time pra disputar o título (rs)...
em new jersey é verão. tento aproveitar . aqui aprendi a respeitar e a apreciar as quatro estações do ano. o brasil é um país de tantos verões, né?
beijo grande do
roberto.
esse vasco não é o da gama, marcantônio.
mil vidas, tem a poesia deste jovem poeta português (nasceu em 1979).
um milhão de vidas tem a minha admiração por você.
abraço grande do
roberto.
robertílimo, vasco gato soou nos meus ouvidos, pela primeira vez, na voz pianíssima da ana salomé. passou, então, a ser um nome a reter. como ela, pedro sena-lino (fantástico), gato apresenta-nos recortes de um quotidiano interior, íntimo, que a todos acaba por tocar, porque a todos, de modo mais ou menos notório, pertence.
um abraço e uma felicitação especial por mais uma escolha certeira.
p.s. agora é o farias? xi, a juntar ao edcarlos, o cruzeiro vai ter um timaço, hehehe!?
ah, jorgíssimo, nosso time produz jogadores que são titulares por aí (você sabia que ronaldo, o fenômeno, foi revelado pelo cruzeiro?)... você, que tem no benfica ramires e luizão...
putz... como moeda de troca, recebemos jogadores que são reservas em seus respectivos clubes...
este ernersto farias é bom? é bonzinho?
seria esta uma boa troca? um bom negócio?
bom negócio é ler vasco gato. tão jovem. tão bom. como certos vinhos, que já são perfeitos para degustação ainda novinhos em folha.
abração, bardo do minho.
r.
nossa menino,
esse último poema é digno de ser nomeado pela primeira vez por algum nome que ainda não exista, de tão lindo que é.
também senti saudades de tudo isso aqui!
beijão!
O Gato de asas, Roberto.
Asas da imaginação para construir versos dessa qualidade.
Parabéns pela escolha dos poemas e do poeta.
Tão jovem, tão bom.
Abração ao sabor dos ventos que empurram as jangadas no Potengi.
esta tua alma portuguesa não cansa a navegar e oferecer novas especiarias, tal qual o fizeram dantes as almas viajantes d'além por outros mares. eis que fito os versos do felino transmudado e me tomo de assombro, uma espécie de obnubilação diante o mister insondável das imagens,
abraço-te pois,
Oi, Roberto, que belezura é ssa desses poemas, heim???
Estava viajando, por isso a ausência, mas já estou de volta e vou ler as postagens anteriores e também verificar que músicas perdi rsrs
Beijo, Roberto
Vasco Gato, escreve lindamente!
Gostei!
Beijos
Olá! eu o encontrei por acaso e gostei de passar por aqui! acho que vou passar sempre...posso?
vou te seguir se assim o permitir.
No meu blog tenho uma história (LORD CASPEL BARYE)que é um causo de um mineirim. passe por lá e se gostar, deixe seu comentário, vou adorar.
Abraços
Lhú Weiss
(sua nova seguidora)
Lhú Weiss
passarei por seu blog, sim. tenha certeza disto. e vou ler a história do conterrâneo. comentarei.
fico grato pela visita. por aqui passa uma turma bacana. serão seus amigos, também.
abraço grande do
roberto.
ada,
vasco gato é uma descoberta recente. talentoso e jovem.
escreve com emoção.
abraço grande do
roberto.
pô, tânia... demorô pacas, ein?
ja tava preocupado. to como a mãe do assis, saiu, cuspo no chão.
tem que voltar antes da saliva secar...rs
música? que música? rs
beijão,
roberto.
assis,
tenho esse lance meio lusitano, essa admiração pelos caras que criaram esta que é, ao meu ouvir (e ler), uma das mais bonitas do mundo.
o idioma português é uam letra que já nasceu com música.
abraço procê, ô de amaralina.
r.
paulo poeta,
este vasco não é o da gama...rs
como escreve o vasco gato!
no que posto a resposta, fico pensando na água azul do seu estado e de um bar, que conhcei, na minha última passagem pela cidade. era uma choperia (chaplin).
nada como o seu bardalo's, obviamente.
abraço grande, poeta da barra do potengi.
r.
Iara,
c6e tava fazendo falta. muita falta. ainda bem que retomou o compartilhamento das palavras, do bem haver.
cê fica bem (ainda melhor) entre os nossos iguais.
beijão,
r.
os três poemas escolheram bem seu divulgador! belos.
abraço, roberto!
"estamos como se tudo estivesse connosco
e connosco estivessem os nomes que primeiro se deram
flor rio azul estrela terra"
nasci pra carrregar o violão da poesia, luciana.
sou uma espécie de "roadie" da estrela da companhia. não, não brilho.
a luz que desce sobr eo palco não se derrama sobre mim.
mas eu tô tão pertinho dela, sabia? tô tão pertinho que partículas de ouro caem em meus ombros.
fazem luzir minha lapela.
beijos, bela!
Boa tarde, Roberto.
Hoje deixo pegada:) para dizer que
"o idioma português é uam letra que já nasceu com música" é a mais bela carcterização da língua com que nos reconhecemos lusófonos.
Acresce que, se houvesse dúvidas quanto à ligação umbilical à língua mãe e à poesia bastariam os poemas de Vasco Gato e esta "eu tô tão pertinho dela, sabia? tô tão pertinho que partículas de ouro caem em meus ombros.
fazem luzir minha lapela".
Bravo, Roberto. É sempre entusiasmante vir aqui, com ou sem pegada.
Abraço
eu não conhecia esse gato, digo, vasco... e levo todos os dedos pro literapura sem deixar nem ao menos os anéis... rs
ó, eu não sou assombração viu, estou aqui mesmo visitando seus escritos, não é miragem do cosme provocada pela marvada :)
eu sumo, mas vorto!
beijão
esse vasco gato não é tão gato assim.. mas escreve bem que é uma beleza, mercedes.
beijo grande procê!
jad,
isto aqui fica mais bonito quando você salpica umas letrinhas sobre nós.
beijo meu.
r.
luciana,
adoro partilhar as palavras, como quem reparte um pedaço de pão.
mineiramente, de queijo.
beijão,
r.
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