Saturday, July 3, 2010

Morre o Poeta Roberto Piva
















O poeta Roberto Piva, 72, morreu às 15h30 deste sábado (3). Ele estava internado no InCor (Instituto do Coração), em São Paulo, desde o dia 13 de maio.
Segundo a assessoria do hospital, Piva teve falência múltipla dos órgãos em decorrência de insuficiência renal. O poeta sofria de mal de Parkinson há cerca de dez anos e descobriu um câncer na próstata, em metástase, durante a internação. Em janeiro, Piva já havia passado por uma angioplastia.
O caos da cidade de São Paulo era sua maior fonte inspiradora. Em "Paranoia", publicado em 1963 e relançado em janeiro deste ano, Piva mergulhou em "torres chumbo", na "constelação de cinza" da metrópole e em "almas inoxidáveis flutuando sobre a estação das angústias suarentas". Sua obra completa foi publicada em três volumes pela editora Globo.
O corpo de Roberto Piva será velado a partir das 23h no cemitério do Araçá, na região do Pacaembu (zona oeste de São Paulo). Às 11h deste domingo (4), o corpo seguirá para o crematório da Vila Alpina (zona leste).
Rebeldia
"O Piva é o poeta da rebelião. Fala-se muito da mitologia Piva rebelde andando pelas ruas de São Paulo, mas ele não era só isso. Ele trafegou pelo erotismo, pelo místico, ele transcendia", afirma Renata D'Elia, jornalista e escritora, amiga do poeta.
Mesmo internado, Piva manteve a postura rebelde. "Há dez dias, ele tentou fugir do hospital. Ele arrancou as sondas, estava bravo e queria sair fora. Ele detestava hospital, achava que era tudo magia negra", afirma Gustavo Benini, 32, companheiro de Piva há mais de dez anos.
Gustavo diz que, mesmo debilitado, Piva estava feliz com o reconhecimento maior de suas obras. "O Piva sempre foi rodeado de pessoas mais jovens. Com a internet e com a publicação de duas obras completas, ele será ainda mais compreendido do que é hoje. Tem até uma comunidade no Orkut em homenagem a ele", diz Gustavo.
Renata afirma que, enquanto Piva ficou internado no começo do ano para a cirurgia cardíaca, ele pediu para que os amigos levassem bloco e caneta para ele no hospital. "Piva sempre escrevia disfarçadamente, deve ter originais não editados", afirma o companheiro do poeta.


Fonte: Folha de São Paulo

23 comments:

líria porto said...

desde o começo do ano acompanho as notícias sobre a doença e o estado financeiro precário do poeta roberto piva, um poeta inquieto, contestador, transgressor, internado numa enfermaria de hospital... lamento a sua morte.

"Eu sou uma metralhadora em

estado de Graça

Eu sou a pomba-gira do Absoluto".


besos

Primeira Pessoa said...

e o mundo tá que fica sem graça, lírica.

uma bosta!

Zélia Guardiano said...

Muito triste!
A partida de um poeta causa grande desequilíbrio, ainda mais quando é poeta deste porte... Abre fresta profunda!
Abraço grande, amigo Roberto!

Tania regina Contreiras said...

Que se diz diante da morte? Nunca sei...Nunca sei.

abraços, Roberto

líria porto said...

ainda existe o tango...
besos

líria porto said...

e os amigos, filhas...

líria porto said...

e o chorinho...

Marcantonio said...

Sim, um rebelde. Poesia inconfundível. RimbaudAugustodosAnjosJeanGenet. Sei lá. Ouvi-lo recitando (ou lendo) os próprios poemas também era impressionante.

Abraço, Roberto.

Moni Saraiva said...

O alento, é que eles se vão, mas jamais os perderemos...

Abraços!

Andrea de Godoy Neto said...

é roberto, o mundo vai ficando mais vazio de conteúdo...gente demais, conteúdo de menos.
Inda bem que ainda há aqueles que fazem diferença...

beijo enorme!
daqui das terras do sul, onde faz um lindo domingo de céu azul e sol, onde o frio esqueceu de aparecer :)

Primeira Pessoa said...

zélia,uma perda, qualquer perda, desequilibra, sim.

e nada à minha volta se renova.
isso faz doer ainda mais.


bjs,
r.

Primeira Pessoa said...

que se diz da morte?
f.i.m.

assim.
mesmo que exista um shangrilá depois de uma porta que se abre ao fundo do caixão.

beijos, taninha!
r.

Primeira Pessoa said...

lírica,
cê sabia que aos 22 anos de idade cometi um livro que se chamou "tango fantasma"...rs

beijo grande,
r.

Primeira Pessoa said...

e o pão com linguiça, lírica...
e o cruzeiro esporte clube, lírica...
rs

Primeira Pessoa said...

piva foi relevante, marquinho.
tinha o universo dele, o tamanho dele e idéias que defendia com uma lucidez bacana, admirável.

é como disse a um amigo, ontem... mais um desfalque.

beijão, poeta!

Primeira Pessoa said...

moni, será que é isto mesmo?
vou repostar uma cônica aqui, talvez ainda hoje, em que questiono isto.

quando é que o fim é o fim?

beijo,
r.

Primeira Pessoa said...

andrea, o mundo?
chato pra caráleo. apinhado de paulos coelhos, dungas, serras, e de tantos outros dublês.

pelo menos cê teve um dia bonito pra curtir em terras do sul.

beijão,
r.

Jorge Pimenta said...

tempos negros estes para as letras em língua lusa... conheço mal o autor (nunca fiz uma leitura estruturada), mas sei que gozava de um alto estatuto literário, sobretudo aí, no brasil.
desculpa a correria, mas até quinta-feira tenho um trabalho em mãos que me consome tempo e cabelo. raios!
um abraço!

líria porto said...

recoloquei um poema antigo no blog - enfarte - tuas palavras nestes posts o provocaram eunrapin ele ressurgiu das cinzas... morrer é o fim mesmo...
besos

ah - e tem o galo (raposa canta?)

besos

Mulher na Polícia said...

Sempre que um poeta vai embora esse mundo perde um pouco de cor. E fica um buraco sem rima.

Beijo aos poetas.

Primeira Pessoa said...

mulher na polícia,
observação carregada de poesia, a sua.
belas (e doloridas) palavras.

abração do
r.

Primeira Pessoa said...

líria, repostei uma croniquinha antiga que, a partir de agora é sua.

beijão do
r.

Primeira Pessoa said...

jorgíssimo,
a encapuzada ceifeira resolveu fazer uma "viagem"pelo reino das palavras.
quando é que chegará na política?

sim, cruzeiro, benfica.
e tudo ficará bem.

abração poeta de Braga.

r.