Friday, November 16, 2012

A obra-irmã de António Ramos Rosa


Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas

Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio

Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o rneu amor
nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração


 

António Ramos Rosa,

in "Viagem Através de uma Nebulosa"

4 comments:

Tania regina Contreiras said...

Não se adia coração. O dia é agora.
Belo, não? Amo.
Beijos,

Primeira Pessoa said...

este é o poema maior de antónio ramos rosa, taninha.
numa única frase, ele expões-se todo.
e tudo.
e tanto.
e todo.
peremptoriamente.

beijão,
r.

Anonymous said...

Maravilhoso.. Beto

Esmero da palavra e sentimento...

Parabéns pela postagem! Como sempre , sensibilidade à flor da pele...


Antonio Ramos Rosa.. o cara!

Beijo

Primeira Pessoa said...


antónio ramos rosa, o cara...
sim, sou fã dele.
muito fã.