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O presente maior
O que dar de presente a um menino no dia de seu aniversário?
Das minhas recordações da infância salta uma bola de futebol, presente de uma tia de Belo Horizonte.
Cresci achando ter ganhado menos presentes do que mereci.
Adulto, entendi que recebi muito mais do que puderam me dar.
O que dar a um filho, menino, no dia de seu aniversário?
Um futuro brilhante?
Um lugar garantido em Princeton, quando ele crescer?
Um poema?
Uma canção?
O gol da vitória numa final de campeonato na escola?
Um dez em matemática?
Um pai e uma mãe honestos e de bom coração?
Estes últimos são, a meu ver, um presente imprescindível. Tudo o mais, vem junto, a reboque, dentro dos limites de cada um.
Eu, se pudesse, daria uma professora carinhosa e meiga, quase uma extensão da avó.
E um carrinho de madeira, com capô de lata e rodas recortadas de uma velha sandália havaiana.
Um peão, uma pipa e um carrinho de rolimã.
Um embornal com um estilingue e muitas bolinhas de gude.
E frutas maduras, cheirosas, suculentas, tiradas diretamente do pé.
Daria ainda manhãs de grama orvalhada.
Uma estrela que nunca se apaga. E uma fogueira de São João.
Daria férias inesquecíveis na fazenda.
E um piau prateado, daqueles que dançam no extremo da linha que pende da ponta da vara de pescar.
Daria ainda um passeio no lombo de um cavalo troteiro.
E a visão confortante, ao longe, de uma chaminé fumegando na paisagem.
Construiria uma estrada margeada por flores silvestres, margaridas, cravos, lírios e jasmins.
Daria um conselho de avô.
Um biscoito da avó.
Um mergulho no riacho.
Uma ducha na cachoeira.
Uma lua cheia.
Noites sem pesadelos, sem bruxas malvadas ou dragões cuspindo fogo.
Chuvas?
Só se fossem as de verão, cantando “sol e chuva, casamento de viúva”.
E o ar com cheiro da terra molhada e um arco-íris, com seu pote de ouro, bem no fim.
Daria-lhe ainda uma festa de aniversário coalhada de balões coloridos num dia ensolarado, bem no começo da primavera.
E um bolo de chocolate com uma vela numeral em cima, além um coral de amiguinhos do peito, puxando um desafinado mas entusiasmado, ‘parabéns’.
Mas os tempos mudaram, eu sei.
E hoje só se fala em videogames, bicicletas cibernéticas, rollerblades, Ipods, celulares, roupas de grife, viagens a Disney e bonecos de super-heróis, daqueles que lançam raios laser de seus olhos.
Não existe nada de errado nisto.
Mudaram os tempos e as prendas que damos aos meninos.
O que não podemos mudar é aquilo que acredito ser o presente maior.
No meu relicário, que é onde guardo as coisas de maior valor, estão o respeito e a admiração por um cara que sempre me deu muito mais do que pôde dar:
O amor pelo filho, esse sim, é um presente que dura para sempre. Herdei do meu como lição.
O resto, todo o resto, também é importante.
Mas é coisa menor.
Bem menor.
Grande é a infância.
Fotografia de Bruno Ganz extraída de um momento do filme Asas do Desejo, de Wim Wenders.
A Música Que Toca Sem Parar:
Branca Lima e Chico Buarque, letra dele e melodia do saudoso Sivuca, João e Maria.
Agora eu era o herói
E o meu cavalo só falava inglês
A noiva do cowboy
Era você além das outras três
Eu enfrentava os batalhões
Os alemães e seus canhões
Guardava o meu bodoque
E ensaiava o rock para as matinês
Agora eu era o rei
Era o bedel e era também juiz
E pela minha lei
A gente era obrigado a ser feliz
E você era a princesa que eu fiz coroar
E era tão linda de se admirar
Que andava nua pelo meu país
Não, não fuja não
Finja que agora eu era o seu brinquedo
Eu era o seu pião
O seu bicho preferido
Vem, me dê a mão
A gente agora já não tinha medo
No tempo da maldade acho que a gente nem tinha nascido
Agora era fatal
Que o faz-de-conta terminasse assim
Pra lá deste quintal
Era uma noite que não tem mais fim
Pois você sumiu no mundo sem me avisar
E agora eu era um louco a perguntar
O que é que a vida vai fazer de mim?
44 comments:
de cortar a respiração, roberto. pelas valências éticas e formativas que encerra, a tua crónica deveria ser um manifesto a ler por todos os educadores e pais nas escolas, nas igrejas, nos campos de futebol, nas padarias, nos cafés, nas barbearias, a bordo de um avião ou de um pequeno bote, na pesca da sardinha ou na caça ao alce, no escuro do cinema ou no barulho das luzes de circo, nos altifalantes da feira ou na voz aguda de um tenor, à mesa de um restaurante ou no chão da cozinha, com pai, mãe, ou com pai e mãe, com avó e avô, mas, sobretudo, olhando para dentro do peito à espera de encontrar os olhitos ávidos das crianças que, de dedos estendidos, procuram a mão que os há-de guiar.
um abraço, amigo!
Você, com sua lista de importâncias dos presentes da infância, Roberto, mexe com as minhas saudades (infância dos velhos tempos do interior, porque os novos tempos do interior já nem são tão mais assim...). As prendas de hoje são muito frias, eu acho, os videogames, maquininhas e mquininhas...que é preciso reforçar no amor. Presentes sem brisa, sem sumo de fruta escorrendo da boca e lambuzando tudo, sem lata que vira caminhão, sem vento soprando pipas... Ah, tá, deixa eu ficar quieta porque eu nem sou saudosista, mas tu tá fazendo isso comigo...rsrs
Abração,
Tânia
Roberto, estou batendo o centro para lhe dizer da emoção de ler mais essa sua crônica poética que me tocou profundamente.
Fiz uma pequena viagem ao passado e recordei situações experienciadas daquela época de sonhos e descobertas.
Grande momento deste Primeira Pessoa.
Continuidade de excelente semana.
"Evoé, Baco!", para citar Bandeira.
Bjs na alma.
Roberto
Você tem uma luz intensa e multicolorida. Cambiante.
Ainda ontem eu ria muito com o humor de seu post acerca dos "sinais da idade", vamos dizer assim.
Agora, você me leva às lágrimas, com sua crônica poética tão simples, tão despretensiosa e, por isso mesmo, tão bonita!
Retira de sua caixa de recordações as lembranças que são minhas também e, penso, de muitos daqueles que o lêem . Coloca-as em exposição sobre uma longa bancada e as deixa alí,à nossa disposição, para que as possamos reviver.
Sou mais velha, de maneira que acrescento, por minha conta, um caleidoscópio feito de cacos de vidro; boizinhos feitos de batatas e palitos de fósforo; uma bonequinha de trapo ... De sabugo, não. ( Ainda bem! rsrs...) Isso é da infância de minha mãe...
Obrigada, Roberto, por esses bons momentos de leitura!
Um abraço.
Posso dizer que amor e carinho como vc descreveu aí, eu também tenho a felicidade de dizer que ganhei da minha mãe como presente infinito de todos os anos que foram e que ainda virão na minha vida.
Lindos dizeres, meu caro.
Beijos.
fui ao aniversário da malu - olho-a tão pequenininha, sei que não a verei moça - então preciso ler e reler esta tua crônica - dar a ela presentes inesquecíveis!!!
besos
Hoje acordei com uma imensa saudade do meu pai. Lembrei-me da infância. Falei, à mesa, sobre as refeições de outrora, uma comunhão sem dogmas, apaixonada, temperada pela natural alegria de viver. E para o cúmulo da minha saudade, entro aqui para ler esse texto, comovido, baixando a cabeça e deixando a memória me embalar em paragens mais amenas, mais humanas, anteriores à qualquer formação ou inconformismo cético. A infância, sempre tão longe, sempre tão perto. E agora, além da minha, já vivo a saudade da infância dos meus próprios filhos, aquela que me colocou do outro lado da mesa.
Um grande abraço.
Em tempo: obrigado, Roberto, pelo "Primeiros Anos". Muito bom.
Que coisa mais linda, roberto! deixou-me na boca o gosto de uma saudade doce...trouxe-me cheiro, barulhos, cores de um tempo encantado que ainda me habita...
mas sobretudo (e encantada)pude ver um menino feliz, correndo sapeca, pelas palavras tuas
beijo grande
Roberto fica mexendo com as emoções da gente, aí lá vem outro e outro... Saudades também do meu velho pai: onde andará do lado de lá?
(Suspiro)
tânia,
tive uma relação difíil com meu pai. ele era policial, linha dura, um sujeito de poucas palavras.
queria que eu seguisse seus pais, que seguisse a profissão dele.
deu certo, não.
mas lembro de meu pai (que ainda resiste à sombra da Serra do Curral) por sua conduta limpa, aquela "vergonha na cara", aquele caráter que já esteve na moda.
era capaz de gestos carinhosos, do tipo, todas as noites, ir cobrir a mim e ao meu irmão com o cobertor (ele se esquecia que fazia um calor infernal 12 meses por ano) e nos dar um beijo na testa, quando chegava do trabalho, alta madrugada.
meu pai sempre abraçou e beijou seus filhos.
a gente se acertou ha menos de uma década.
aprendemos a ser tolerantes e a aceitar melhor nossas diferenças.
até hoje ele não entende como eu sustento uma família escrevendo coisas.
na cabeça dele, isso não era trabalho de homem (rs).
ele, um grande homem, sujeito a defeitos.
na boa?
tenho imenso orgulho de onde e de quem vim.
seu pai?
pergunte aí pro seu coração, pois a resposta está dentro de você.
pelo tamanho do seu suspiro, tenho certeza de que ele está (e estará) bem.
beijão, tânia.
sim, andrea... fui (e continuo sendo) um menino feliz.
embora nem sempre cê olhe pra cara do sujeito e diga isto.
acho que é um lance meio de dna.
no outro dia mandei uma fotinha da bebel (uma de minhas filhas) pra líria porto, que devolveu com um poemeto lindo.
poemeto que terminava falando da tristeza no jeito de olhar de minha pequena.
fiquei rindo, meio desconcertado, porque tenho certeza de que ela é, até aqui, uma menina feliz.
mas aquele jeito de olhar... rs... putz...
tá no dna...
Boa noite, Roberto.
A maior parte das vezes qu passo por aqui não deixo pegada. Hoje, porém, tive que dizer do meu encantamento pela sóbria e subtil serenidade descritiva da memória que nos habita. Todos temos os nossos heróis e os nossos vilões. Desejamos oferecer os heróis e fechar no baú do esquecimento os vilões ue nos inquietaram os dias e as noites.
A quem amamos oferecemos o melhor: o amor embrulhado na inteireza de que nos fazemos e nos arranca sorrisos matinais do espelho.
É bom, revigorante vir até aqui.
Abraço.
Nossa, meu pai idem: puxava o cobertor e dava o beijo na testa todas as noites. Talvez por isso eu ache o beijo na testa algo de uma sacralidade que nunca consegui decifrar bem. Crenças à parte, à pergunta "para onde vão os que partem desta vida?"...Bem, acho os pais se diluem no semblante e nos gestos e posturas dos filhos, porque já peguei meu pai me olhando diretamente dos meus próprios olhos. "É você?" - já me perguntei em pensamento muitas vezes. "Você mora agora em mim?"... Acho que sim...
Beijo, Roberto!
Um grande filme!
grandes filmes, jean...
vi paris texas trocentas vezes...
alemão porreta, o senhor wenders.
mas, bom mesmo é te ver por aqui.
abração,
r.
tania,
quem amamos reside permanentemente debaixo de nossa pele.
para onde vamos?
se eu soubesse eu te contaria.
juro.
no outro dia, comentava com um amigo, sacaneando: tomara que tenha futebol lá do outro lado.
e poesia. e amigos. e música da boa. e cerveja gelada. e familiares com saudade da gente.
ah, e importante, pra mim: pão com linguiça...rs
abração procê.
jad,
o importante é que desta vez você escreveu, na pedra, as suas impressões.
fiquei extremamente contente de te ter lido aqui.
volte sempre que quiser. fale o que quiser.
essa casa é, também, sua.
beijão do
roberto.
marcantônio,
uma das coisas mais difíceis pra mim tem sido ser pai. sou relativamente jovem (47) e tenho 3 moças (30, 8 e 6 anos de idade).
muitas vezes não tenho a menor idéia do que dizer, ou como agir.
ser pai é muito difícil. não é aquela máxima do faz o que eu falo e não o que eu faço.
dar exemplo é um trem medonho de difícil.
tava me lembrando de um papo com um amigo da ( ripongão, da velha guarda da MPB) e suas complicações com os filhos adolescentes, já querendo fumar em casa o primeiro baseado aos 14, 15 anos... e o pai, que fumou a vida inteira dentro desta mesma casa, tentava estipular uma data pra "liberar"... rs
bicho, é complicado.
mas é, na outra mão, muito fácil.
e bom.
muito bom.
abração procê,
r.
lírica,
que papo é esse de que não vai vê-la moça?
minha avó ana emília morreu com 104 anos. fazia trovas lindinhas, naquele estilo cora coralina...
a poesia é conservante.
creia.
e não páre de escrever nem de brincadeirinha.
falei?
larinha,
pessoas doces como você não poderiam ter vindo de outro tacho, que não de mel.
tá explicada a sua doçura.
eu te felicito por isto (e por tudo o mais).
zélia, pj e jorgíssimo... respondo amanhã...
to no meio de uma crise de bronquite de "torar", como diria o assis.
amanhã, de manhãzinha, prometo "balançar o rabo".
sou cachorrinho bom.
beijão procês.
ah, roberto, vai ver isso não é tristeza, não...
vai ver é largueza de alma, profundidade, de quem desde pequeno aprende a enveredar-se para dentro de si...
como tu bem disseste, coisa desse dna, que a mim está parecendo tri bom
beijo pra ti, com desejos de respiração fácil e profunda....melhoras aí, moço!
Ei Érre...
Cada dia me assombro mais com nossas "parecências", manim...
Me assombro, mas acho bonito demais...
Avoei pra um passado de meias três quartos, de congas e laços de fita (que bastava virar a esquina pra ir desamarrando e desfazendo um por um... já naquela época eu tinha pavor de laços e amarras...), Senti cheiro de merendeira com laranjada, cheiro de material novo encapado com plástico xadrez... e vou te contar, imaginei direitinho o meu pai tomando uma cachaça com o seu.
"Eu sei do que cê tá falando" Érre... sei sim.
Guardarei essa em um cantinho especial aqui - quero ler para o meu filho um dia. E quero crer que ele também saberá do que cê tá falando...
Beijo grande
Diubs
PS: Oncotô que não tô te estendendo minha bombinha pra curar essa bronquite? Essa "parecência" você podia não ter viu... Anota aí: Alenia é o nome do remédio. Todo dia de manhã e à noite. Te garanto que essa desgrama não te aporrinha mais. A não ser um tantinho de chiado que é esse que eu tô tendo agora. Mas é pouquinho e a gente nem liga. Se cuida aí Érre.
Nossa, sua avó morreu aos 104 e escrevia trovas: sonhar estica o tempo.
Abraços
tadim de ti, betinho - bronquite de novo?? é ruim! eu tive febre, estou com a boca toda ferida...só se fizermos remédio de um para curar o outro... risos
besos
jorgíssimo,
você é um dos caras mais generosos que eu conheço.
amigo que cuida, afaga e que tem o dom de fazer com que nos sintamos bem. isto é uma grande virtude.
sua generosidade me comove, poeta bracarense.
e, sua amizade é um tesouro que cresce e ocupa mais lugar.
ó, nem comento o post.
comento seu gesto.
abração nessa terça cinzenta.
desde new jersey, capital mundial de jack nicholson.
r.
paulo poeta,
o "período das descobertas"... tava pensando isto... analisando... e chego à conclusão de que continuamos descobrindo coisas.... em menor escala, é verdade.
talvez a sede de descobertas tenha sido amainada... a fome de novos caminhos, saborese coisas...
ainda descubro coisas.
bem menos, é verdade... mas ainda descubro coisas.
abração do
roberto.
zelia,
as mil e uma utilidades do sabugo de milho...rs
me lembro das bonequinhas de trapo, de sabugo... das bolas de meia... dos carrinhos feitos de madeira... do arquinho (que empurravamos com uma varinha... como quem tocava porco.... e o arquinho seguia rolando, na vertical obviamente)...
cê lembra dos meninos empurrando aquele arozinho metalico?
ou será que só eu me lembro dessa maravilha da "engenharia" à serviço da infância...
beijão do
r.
diubs,
meu pai parou de beber faz uns trocentos anos. era bom de copo. mas a bebeida nao tinha nele o efeito que tem na maioria das pessoas. mais ele bebia, mais ele se fechava.
então... essa bronquite fladaputa... fui ao medico... levei injeção de cortizona na buzanfa (o que nao acontecia desde que tancredo neves andava no liceu)... to usando um disco roxo que sai uma pulverizada de remédio... um xarope (o frasco do tamando de uma coca litro...rs)... e 3 cumprimidim por dia...
to indo de reator atomico.
cansei de ser "nice" comj a bronquite.
e o cigarro? rs
to na casa dos 6, 7 por dia...
o que "miorô" muito... afinal, cheguei a estar torrando quase 2 maços por dia...
vou anotar o nome desse remedio. e mostrar pro sinhoire doutoire...rs (ele é portuga, como meu amigo bracarense, jorge pimenta...)
ó, ja tô fazendo as contas.
beijão
r.
lírica,
melhora, senão não pode beijar.
tenho te sentido tristonha, desde que recebeu a picada... daquele mosquito feladaputa...
ô, mióra logo, pra gente poder sarauzar na casa de zé pãozim...
zé pãozim que vai...
eu garanti que vô...
paulim vai...
os dois tadeu vão...
a diubs vai...
o bré vai...
o renato talvez vá...
chico lobo vai...
o hely do "Quase Todos Bichas"vai...
O Vermelho do "Quase Todos Bichas"pode ser que vá...
o dinho mourão do homeriah (que é de casa)... vai...
até meu ídolo sorin falou que quer ir, se convidado... e a mulher dele que canta que uma beleza vai mandar ver um bolerão com sotaque portenho que vai fazer sorrir as estrelas da noite no dona clara (que cê continua chamando de santa clara...rs)...
vou iniciar as negociações neste sentido (sol alac tem um vozeirão... canta lindo...)
ah, e antes que me esqueça, o ivo faria não só vai, como vai garantir o rango ao fogão de lenha.
pé de porco recheado e os cambaus..
eu, se fosse você, melhorava logo...
bora lá?
buora giennnnte?????
tania,
ana emília não queria morrer de jeito maneira...
era uma pessoa, no mínimo, diferente.
quando ela fez cem anos fizemos uma festinha pra ela... veio gente de tudo quanto é lado... o celso adolfo compôs uma valsa pra ela (vou ver se acho o mp3 e te mando)... zé geraldo foi de são paulo pra bagunça... cantarolaram...
reunimos a netarada toda... foi bonito...
ela, que na juventude fora parteira,
recebeu afagos mais de 20 pessoas que nasceram de suas maos, ou filhos destes... doido, né?
na outra ponta da corda, eu que tambem nasci por suas maos, assumo a responsabilidade de ter convencido a parentada de que ela deveria ser operada (ela ja estava no hospital ha varios dias e com uma série de complicações)...
enfim, ela teve falencia multipla de orgãos e nao resistiu, mas o coração batia forte, pra espanto da junta médica... ali, no apagar das luzes... era forte o bater do tambor...
eu durmo em paz com esta decisão (a de convencer o pessoal da necessidade de fazer a operação, quando alguns diziam que só lhe trariam mais sofrimento físico).
sei o quanto ela queria viver.
apesar de ter a noção exata das "probabilidades", aquela era sua ultima chance de espichar seus dias.
enquanto a enterrávamos, eu pensava na ironia da vida... e nas duas pontas da corda...
doido, né?
me digue - quando virás? dá um tempim, pô - eu preciso ficar logo bem - deste-me uma injeção de ânimo...
besos
lírica,
o grande mal é a solidão.
não se permita o desacompanhamento, olhos e asas sempre sobre você.
essa vida de moça solteira é boa, mas ruim, né? rs
guenta as pontas que a cavalaria tá chegando.
beijão procê.
andréa,
no interior de minas gerais, chamamos isto, cientificamente, de "síndrome do zói de passarim"...
aquele olhar de gado, manja?
ali, no meio do pasto balançando a tarde, antevendo o abate.
tem a ver com a condição humana, quero crer.
beijão de terça-feira procê tumém.
O remedim que cê tá tomando eu já passei por ele... se não me engano é o Seretide.
Meu irmão diz que quando muda a estação eu chego na farmácia e peço pra ver a nova coleção de bombinhas pra Asma... Rs...
Mas esse aí que cê tá usando é bom... acho que é o mesmo componente do meu. Só mudei porque meus neurônios mequetrefes não estavam dando conta de usar esse trem de disco - que vc gira e esquece se já girou. Tem que usar todo dia viu, ôô panguá...
Ele é preventivo e se não usar, mesmo quando estiver bom não adianta nada.
Síndrome do zói de passarim... tá aí.
Agora já sei o que responder quando falam dos meus zoinhos.
Ei... cê faz favoire de me avisar quando vem?
Senão fica só vc contando os dias e eu aqui igual marido traído...
Beijão procê Érre, fique bem...
Diubs
valha minha nossa senho9ra, isso aqui já a tá congestionado.
então, com uma pressa danada, acho que vc passou seu vírus pra nini, mas jaja ela melhora. ainda bem que aqui não tem pólen e sim muita maresia.
no mais, asas do desejo é dos meus filmes preferidos. no domingo bailei e cantei joão e maria, porque fazes-de-conta terminam assim.
traduuzir-se estava no recital, como poema e música.
beijo-beijo.
diubs,
vou melhorar.
to passando um perrengue danado. e o remédio dá uma moleza vergonhosa. daqui a pouco é junho, esquenta e vou poder retomar minha caminhadas e até mesmo uma dieta que to tentando retomar.
cortei a juba no outro dia e minhas pequenas adoraram. constatei que to ficando careca...rs... como se não bastasse os demais males.
o tempo é implacável.
uma meleca.
saudades d'ocê, maninha.
pó deixar que a gente organiza bh, com todo mundo junto... e muita folia.
falei com renato no outro dia.
ele vai gravar cd/dvd com zé renato semana que vem.
cê tá sabendo?
beijão,
érre.
nina,
que bom que foi legal o recital. fico feliz.
a poesia precisa achar seu lugar.
que bom que foi tudoi a contento. fico feliz por vocês, guerrilheiros da palavra, derradeiros românticos.
a luta pelo pão de cada dia tira a graça da vida da gente, você há de convir.
bem vinda à blogosfera.
ah, aqui não ta congestionado, não... os amigos se juntam. se ajuntam.
e fico tudo mais bonito. inclusive a vida.
beijão procê.
r.
Sua avó já tinha nome de artista, Ana Emília: que história bonita, Roberto, quanta coisa boa você tem pra contar e fazer a gente pensar... e sentir, que é mais importante, talvez. Ah, vê se acha e manda a valsa, sim, quero ouvir. Nossa: quem me dera essa vontade de viver ferrenha, essa obstinação, essa luta pela vida. Mas sou escorregadia, volátil, tenho essa força de vida toda não, tenho mais mesmo é teimosia, por falta de jeito.
Mas tô pensando mesmo é na sua avó: história bonita... Lembrei da matriarca dos Velloso...Dona Canô também tá aí, 103, né? Diz que vive muito porque não fica se aborrecendo com pouca coisa, não apura...mas quando chegamos lá em Santo Amaro e vemos ela com a cadeirinha na porta da rua, sem medos, sem paranóias tantas de cidade grande, dá pra entender...
Parteira, que lindo! Nasci de parteira, acho que faz uma difernça enorme, pra melhor, diga-se... Não que fiquemos melhor ou especiais por isso. Talvez mais líricos, penso cá comigo será?
Manada a valsa...
Beijo,
Tãnia
tania
nascer de parteira tem suas desvantagens.
conta a lenda que nasci roxo-violeta, com o cordão umbilical apertando o pescoço.
meu pai, soldado da polícia, ajudante de parteira teria exclamado que o filho dela nascera "preto"...rs
levou uma bronca.
sou a cara dele.rs
beijão procê.
r.
a propósito de dona canô, tenho um convite de pedro ramúcio (vindo de roberto mendes) de ir a santo amaro.
já passou da hora de beijar a mão de dona canô.
essa viagem já caiu de madura.
e vai roilar em breve.
beijão do roxo-violeta...
r.
Rapaz, esse filme, essa cronica me deixaram comovido como o diabo. Vi tua foto lá no Rama com o Zé Geraldo. Coisa boa é ter amigos, eita trem bão. Comprei um porquinho (lembra disso) pra alimentar com moedas de 1 real, é uma poupança prá festa que se anuncia em um outubro surreal numa cidade de belos horizontes. Abração do Maradona da Baixinha da Égua (depois lhe conta essa história) pro Coalhada de onde mesmo?
sou coalhada de tantos lugares... calhambeque, morro da orêia, sangra porco, capa-onça... cê escolhe, assis... rs
bh nunca mais será a mesma.
teremos que armar uma operação de guerra por lá... vai ter gente até de além-mar, se o jorge pimenta realmente decidir aportar...
e vai ser do caráleo.
falei com paulinho pedra azul mais cedo, e ele vai até hospedaqr um amigo nosso de sampa...
outubro promete, maradona de ondina...
outubro promete.
já to contando os dias nos dedos.
beijão procê,
r.
outubro - o mês rubro em que nasci!! eu, o poetinha (no mesmo 19), o drummond - vai ser linda a festa, pá!
besos
ah, nasci pelas mãos da parteira - em araguari tinha duas - dona amália e dona natália - esta, de meias finas e roupa impecável, era a dos ricos - meu pai, pobre que nem jó, fez o sacrifício - queria os filhos pelas mãos da italiana, mais velha, mais experiente... risos - pagou os tubos pelos 8 meninos, porque o último, o nono, precisou de cesárea e hospital.
besos
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