Thursday, April 15, 2010

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Não sei se respondo ou se pergunto.
Sou uma voz que nasceu na penumbra do vazio.
Estou um pouco ébria e estou crescendo numa pedra.
Não tenho a sabedoria do mel ou a do vinho.
De súbito, ergo-me como uma torre de sombra fulgurante.
A minha tristeza é a da sede e a da chama.
Com esta pequena centelha quero incendiar o silêncio.
O que eu amo não sei. Amo. Amo em total abandono.
Sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente.
Indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim.
Não estou perdida, estou entre o vento e o olvido.
Quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença.
Não sou a destruição cega nem a esperança impossível.
Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra.



António Ramos Rosa.

24 comments:

Flor de sal said...

Roberto

Estamos juntos, sintonizados no Ramos Rosa, fizemos a escolha única e visceral e postamos... encontrá-lo aqui, lá, em qualquer lugar é por demais gratificante.

Beijos meus

Iara Maria Carvalho said...

Não conhecia o Ramos Rosa, Roberto.

Na busca estamos por uma palavra que nos abra.

Saudades de vir aqui, tempo gris e esquisito me impede de voar.

Um beijo.

Sylvia Araujo said...

Entregue. Escancarado. Lindíssimo!

Beijo, Roberto

Primeira Pessoa said...

renata,
ramos rosa é mais um de meus favoritos recentes. sinto (tenho sentido) uma necessidade e uma urgencia de descobrir novas palavras e novos autores.

é bom recebê-la neste minifúndio.

abração do
roberto.

Primeira Pessoa said...

Que bom tê-la de volta por aqui, Iara.
Também não tenho tido tempo de ver os blogs de meus amigos queridos.
Tenho postado de teimoso.

Mas tempos mais tranquilos ainda hão de vir.

abração do
roberto.

Primeira Pessoa said...

sylvia,
fico feliz que tenha gostado.
quanto posto um poema aqui. é naquela esperança de que meus amigos gostem.

abração do
roberto.

líria porto said...

betinho
acabo de te reler lá no blog da nina - bão, né??

aprecio estes poemas que cavoucas pelaí!! e fiquei aqui matutando - ser aberto por uma palavra - isso é o que quero, sempre quis!

besos

Jorge Pimenta said...

Ah, Ramos Rosa! Conheço poucos poetas com o domínio da imagem que ele tem. Alguém que espera vir a ser aberto pela palavra... mas alguém que a todos abre com a magia da sua palavra.

Um abraço, Amigo Roberto!

Primeira Pessoa said...

lírica,
que notícia boa. vocês, meus amigos queridos, muito mais que minha canção.... carregam o meu violão. eita trem bão, sô!
depois vou passar no blog dela para ver. a nina é muito talentosa, escreve poemas lindos, é antenada... gosto das coisas que ela escreve. e ela abre espaço pra outros autores, reproduzindo os textos lá. muito legal isto.

que imagem forte essa da palavra no poema do ramos rosa, ein?

beijão,
roberto.

ps: ontem falei da sua poema ao paulo amado, consul-adjunto do brasil em miami. ele, mineiro como nós. e roseano até os suspensórios.

Primeira Pessoa said...

ah, jorge pimenta, poeta que disseca tão bem a poesia.
jorge pimenta, homem cuja porta do coração tem como chave uma palavra só.

to em viagem, jorge, numa correria sem fim.
retorno a jersey na segunda-feira.

abração, amigo.

líria porto said...

falaste pro cônsul???
eu tou é falada!!! risos

besos

Jorge Pimenta said...

Procura, pois, Amigo, por uma vez ou outra, relaxar e deixar que o prazer se sobreponha ao afazer. Mesmo que nem sempre seja fácil.
Um abraço e que corra tudo bem!

Unknown said...

Ramos de Rosa mágicos despetalam-se em versos. A palavra é chave misteriosa, valem-se de tantos inventos. Abraço.

Anonymous said...

Fico tão contente de chegar aqui e encontrar textos bárbaros de autores que ainda não conheço. Cada visita no Primeira Pessoa é uma surpresa e um presente.

Obrigada, obrigada, obrigada.

Gisele Freire said...

Roberto
Que maravilha estas palavras não é mesmo?!
Este é um grande senhor!
bjinho
Gi

Primeira Pessoa said...

Lírica,
mulher falada, sim.
bem falada, que se esclareça.

cê sabe o quanto admiro você.
beijão do
R.

Primeira Pessoa said...

Jorge,
relaxar me foi impossível. Tanto é que aqui estou, 3 e pouco da madrugada, dando uma vista de olhos pelo blog, insone.
Caiu na cama 9:30 da noite, acordei assustado, há pouco, com a sensação de que haviam me roubado o carro alugado.
Retorno em algumas horas para minha cidade e minha vida.
Após 3 anos ã frende da Associação de Imprensa, meu mandato encerrou-se ontem.
E esta foi uma semana muito intensa, com um congresso, palestras ministradas por pessoas muito interessantes, espetáculos musicais, e as eleições na entidade.
Saio feliz.
Retomo minha vida com uma alegria que ainda há de se justificar.
Abração, poeta de Braga.
R.

Primeira Pessoa said...

Assis,
Ramos Rosa é muito bom.
Inventivo, inspirado e denso.
Como os bons poetas devem ser.

Abração do
R.

Primeira Pessoa said...

Onze Palavras,
fico extremamente feliz que o blog lhe tenha agradado.
Espero poder continuar lhe agradando no futuro.
Volte sempre que lhe apetecer.

Abração,
R.

Primeira Pessoa said...

Gisele,
sentimos sua falta por aqui.
Ainda bem que apareceu. Que reapareceu.

Abração do
R.

Jorge Pimenta said...

E após este compromisso, que fechas com a grata certeza do dever (bem) cumprido, novos desafios se te abrem, ao ritmo com que a vida se cumpre acima da banalidade.
Um abraço, druida da palavra!

Primeira Pessoa said...

rs... to relendo o ultimo post que te enviei, jorge...
tava mais dormindo que acordado... comi letras, inventei novas palavras, mutilei outras...
um espetáculo!

estou de volta à minha vida.
tranquilo.
sou desapegado, jorge.
eu queria saber como me sentiria um dia após entregar algo de que gostava muito.
sinto-me bem.

com aquela sensação de que cumpri meu dever.
de que dei o melhor que eu tinha pra dar.

suas palavras, uma almofada. sempre.

repouso nelas.

abração, poeta.

Fernando Campanella said...

...Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra. Que beleza, um poema quase prosa, a confissão de uma voz que precisa encontrar a palavra.
Grande abraço.

Primeira Pessoa said...

adoro esse poema, fernando...
ou, de quando uma palavra é chave.

abração, poeta do sul das geraes.