Thursday, January 21, 2010
EQUINÓCIO
Chega-se a este ponto em que se fica à espera
Em que apetece um ombro o pano de um teatro
um passeio de noite a sós de bicicleta
o riso que ninguém reteve num retrato
Folheia-se num bar o horário da Morte
Encomenda-se um gim enquanto ela não chega
Loucura foi não ter incendiado o bosque
Já não sei em que mês se deu aquela cena
Chega-se a este ponto Arrepiar caminho
Soletrar no passado a imagem do futuro
Abrir uma janela Acender o cachimbo
para deixar no mundo uma herança de fumo
Rola mais um trovão Chega-se a este ponto
em que apetece um ombro e nos pedem um sabre
Em que a rota do Sol é a roda do sono
Chega-se a este ponto em que a gente não sabe
(de Do Tempo ao Coração, 1966)
David Mourão-Ferreira
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18 comments:
Roberto,
vim aqui dizer Obrigada pela visita e não quero mais Sair!
Parabéns,
um abraço.
Uai, Linda... então fica...rs
Vou chamar o povo inteiro que frequenta o blog pra fazermos um coro:
Fica! Fica! Fica!
rs...
é sério: sua visita me deixa muito feliz.
volte sempre. essa casa é, também, sua.
abração do
roberto.
Tudo que até hoje li do David Mourão é de uma beleza ímpar. Este não foi diferente porque a cada leitura o sinto novamente a repercutir em palavra e poesia. Tenho alguns vídeos com recitais e são belíssimos. Sempre bom voltar aqui.
Abraços
mai,
vou postar outras coisas dele. é um dos meus favoritos, também.
e, tenha certeza, é sempre bom te receber por aqui, também.
abração do
roberto.
PP,
Fico muito feliz por encontrar aqui um dos nossos maiores poetas... um poeta que trata o amor com uma rara sensibilidade.
Adorei...
Um abraço
ah, meg,
você me chama de PP e, por alguns minutos, fico achando que meu nome é pedro perétuo, nome de um poeta lá da minha terra, o pedro ramúcio.
mas não me importo.
pp de primeira pessoa, entendi diretinho.
e, sim, esse david mourão-ferreira domina palavra e sentimento de uma forma ímpar.
ainda quero postar muitas coisas dele por aqui, apresentá-lo aos brasileiros que ainda não o conhecem.
eu conheci e me apaixonei pelas coisas dele.
brigadão pela presença, meg.
abraço do
roberto.
li uma vez, duas, três - e quanto mais, melhor!
obrigada!
besos
Vim ler o poema e escutar a canção, "estou feliz no postal...". Abraço.
esses portugas, ein, líria?!
como dominam bonito a língua que inventaram... como conhecem cada cantinho emocionado de cada palavra...
tiro o chapéu pra eles.
eu os reverencio com sincera admiração.
beijão do
roberto.
assis,
quem canta é celso fonseca, parceria bem amarradinha com ronaldo bastos.
que bom que gostou.
abração do
roberto.
Um bom poema é aquele que nos dá a impressão
de que está lendo a gente ... e não a gente a ele!
Mario Quintana
Este é um desses poemas
Beijo Roberto
Coisas corriqueiras escritas assim, de forma tão rica. Belíssimo poema!
Sempre boas as suas seleções de obras-primas.
Grande beijo, ótimo fim de semana!
esse poema abre janelas e entorta caminhos. como todo bom poema. e como mesmo! devoro todo poema bom. e não é assim que devemos nos portar diante de tais belezas?
beijos.
Roberto, você me apresenta outro Bardo supimpa e eu fico atordoado com tanta poesia e erudição. David Mourão-Ferreira é mais um a figurar na lista dos meus poetas preferidos das terras de além-mar. Por culpa sua. Obrigado pelo presente e pela visita. Abração.
magnólia,
essa é a mais pura a verdade.ácho até que já falei isto: é como se espreitássemos pelo buraco da fechadura, enquanto é o o buraco da fechadura que olha pra dentro de nós por dentro de nossos olhos.
será que fui eu, ou foi outro alguém disse isto?... rs
já nem sei.
abs,
R.
Larinha, tô com um embornal cheio de pérolas alheias...
vou compartilhar com vocês.
palavra de escoteiro!
abração do
R.
paulo poeta,
fico muito feliz que tenha gostado, pois sei do seu gosto exigente.
os enganadores não te sensibilizam.
por aí vem mais bardo bom.
me aguarde.
abraço desse seu amigo, o
roberto.
o poema que nos desconcerta, Iara?
sim, esse é o bom.
o certo por palavras tortas.
e nem precisa rimar.
beijão do seu leitor de cabresto,
o
roberto.
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